Publicado em: 23/09/2010 às 11:39hs
Estive nos EUA durante seis dias, a convite da empresa Monsanto, para visitar os laboratórios de pesquisa em biotecnologia da empresa, as lavouras de produtores, a Farm Progress Show - a maior feira a céu aberto daquele país, e a Bolsa de Chicago. Visitei os laboratórios da empresa em Saint Louis, de onde saiu a primeira semente de soja transgenica do mundo e onde trabalham pouco mais de 4.000 funcionários dos 17.000 existentes em seus 12 centros de pesquisa espalhados pelo mundo, um dos quais no Brasil, e também em Akeny.
O foco básico da empresa é sementes e biotecnologia, e não os defensivos, e totalmente voltada a agricultura, como afirma o diretor global de negócios Jesus Madrazo. Para confirmar esta afirmação basta citar que dos U$ 1,1 bilhão investidos em 2009, U$ 1,05 bilhão foram em biotecnologia e sementes e U$ 55 milhões em defensivos como o glifosato, cuja patente já expirou em 2000. Naquele mesmo ano, 62% da receita da empresa vieram da comercialização de sementes e biotecnologia e deve atingir 77% em 2010.
Os números citados têm o propósito de evidenciar o comprometimento da iniciativa privada (e também dos produtores) com a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico, como forma de aumentar a produtividade e resolver os problemas que vão surgindo na produção das commodities agrícolas. Isto porque as empresas encontram um sistema regulatório previsível montado pelo governo, respeito aos direitos de propriedade e possibilidade de praticarem valores ajustados pelo mercado na comercialização de seus produtos, além de estreita parceria com os produtores.
Dentro deste cenário, a empresa definiu como meta dobrar a produtividade do milho e da soja até 2030, via biotencologia e melhoria das práticas de manejo. Assim, a produtividade do milho passará de 10,3 para 20 tonelas por hectare (atual de 165 bushels por acre) e da soja de 2,9 para 6 toneladas por hectare (atual de 42 a 44 bushels por acre).
A visita aos laboratórios, as entrevistas com os vice-presidentes e os lideres globais para tecnologia e sustentabilidade e a visita a produtores do estado do Iowa me fizeram acreditar que atingirão as metas antes do prazo estabelecido.
Para tanto, na soja, depois da tecnologia Roundup Ready lançada há 15 anos vem a BT RR2, resistente ao ataque das lagartas e ao herbicida glifosato. Segundo Robert Fraley, vice-presidente e chefe do departamento de tecnologia, este produto chegará ao mercado brasileiro em 2012, porque a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) já autorizou o inicio das pesquisas no Brasil.
O próximo passo será a soja resistente a lagarta e a dois herbicidas, ao roundup e ao dicamba, para combater com mais eficiência as invasoras que são resistentes ao primeiro. O uso do herbicida será de livre escolha do produtor.
Os passos seguintes serão da soja mais produtiva, com 4 a 5 grãos por vagem e com melhor aproveitamento dos nutrientes dos fertilizantes; e do produto com maior teor de omega 3, inclusive substituindo o consumo de óleo de peixe, e com menor teor de ácido linolênico (de 9% para 3%) e conseqüentemente das gorduras trans.
Os pesquisadores relatam que o futuro será ainda mais promissor, com as cultivares resistentes ao nematóide, a ferrugem e tolerantes ao stress hídrico (falta de água). No milho, depois do lançamento das cultivares com o evento BT, de resistência ao ataque das lagartas do cartucho, da espiga e do colmo, vem já nesta safra 2010/11 a VT Pro Yeldgard, que controla melhor as três lagartas.
O próximo lançamento são as cultivares de milho BT/RR, que apresentam eventos de resistência ao ataque das pragas e ao glifosato. Estas já estão aprovadas pela ANVISA, faltando apenas a aprovação do uso do glifosato em pós-emergência.
Eugenio Libreloto Stefanelo é engenheiro agrônomo, Doutor em Engenharia de Produção, professor da UFPR e da FAE Centro Universitário e técnico da CONAB.
Fonte: Assessoria de Imprensa da Ocepar/Sescoop-PR
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