Milho e Sorgo

Safra recorde pressiona preços do milho no Brasil, mesmo com apoio pontual das bolsas

Oferta abundante no mercado doméstico mantém preços baixos, enquanto movimentações pontuais nas bolsas globais não são suficientes para sustentar alta significativa


Publicado em: 11/08/2025 às 10:50hs

Safra recorde pressiona preços do milho no Brasil, mesmo com apoio pontual das bolsas

O mercado de milho no Brasil vive um momento de forte pressão sobre as cotações, resultado da combinação entre produção recorde, demanda interna moderada e ritmo enfraquecido das exportações. Embora os preços tenham iniciado a semana em leve recuperação na B3 e em Chicago, a tendência predominante ainda é de baixa.

Oferta elevada e demanda enfraquecida no mercado interno

De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a colheita da segunda safra, com projeção de produção recorde, tem sustentado o movimento de queda nas cotações. Mesmo com registros pontuais de geadas e ataques de pragas, o aumento da área cultivada e a maior produtividade compensaram perdas regionais, reforçando a ampla oferta no curto prazo.

No consumo doméstico, indústrias e pecuaristas têm adotado postura cautelosa, postergando novas compras à espera de preços ainda mais baixos. Muitos priorizam a retirada de lotes adquiridos antecipadamente, reduzindo a liquidez no mercado spot.

Concorrência externa e estoques internos pressionados

O ritmo lento das exportações brasileiras também contribui para manter a pressão baixista. Segundo o Cepea, a demanda internacional pelo milho nacional enfrenta concorrência acirrada de outros exportadores, o que limita o escoamento e aumenta os estoques internos. Especialistas alertam que, se o quadro de excesso de oferta persistir e a demanda não reagir, novas quedas podem ocorrer, exigindo estratégias de comercialização mais conservadoras por parte dos produtores.

Melhor momento de venda já passou, dizem analistas

Para a TF Agroeconômica, a janela mais favorável para vender milho já ficou para trás — e, tradicionalmente, não coincide com o período de safra, quando os preços tendem a ser os mais baixos do ano. A recomendação é buscar negociações antes ou depois, fixando preços em mercados futuros como a B3 ou a Bolsa de Chicago para reduzir riscos e assegurar valores mais atrativos.

No cenário internacional, há fatores de alta, como as exportações acima do esperado pelos Estados Unidos, que registraram vendas de 3,16 milhões de toneladas para 2025/26. Ainda assim, a perspectiva de safra recorde nos EUA e no Brasil, aliada às boas condições climáticas nas lavouras, mantém o viés de queda.

Bolsa de Chicago e B3 abrem semana em alta

Nesta segunda-feira (11), os preços futuros do milho operaram em leve alta na B3, com cotações entre R$ 65,25 e R$ 74,00. O vencimento setembro/25 subiu 0,09%, a R$ 65,25, enquanto o março/26 avançou 0,27%, a R$ 74,00.

Em Chicago, os contratos também abriram em alta, influenciados por compras corretivas e pela valorização da soja, após declarações do ex-presidente Donald Trump sobre possíveis compras chinesas nos EUA. O setembro/25 foi negociado a US$ 3,84 por bushel, ganho de 1,75 ponto.

Semana anterior terminou no vermelho

Apesar do início positivo desta semana, o milho encerrou o período anterior em queda nas duas bolsas. Na B3, o setembro/25 caiu para R$ 65,19, acumulando perda semanal de R$ 1,86. Em Chicago, o recuo foi de 1,73%, com o dezembro/25 fechando a US$ 405,38 por bushel.

A pressão veio da desvalorização do dólar, da expectativa de aumento na produtividade americana e da redução da área com seca moderada nos EUA, que passou de 5% para 3%, indicando condições mais favoráveis para a safra.

No Brasil, entretanto, a forte demanda de exportação — especialmente da China — vem sustentando preços no interior, mesmo com a entrada de maior volume do milho safrinha nos portos.

Fonte: Portal do Agronegócio

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