Milho e Sorgo

Queda no preço do milho favorece produção de etanol no interior de MT

Os atuais preços baixos do milho em Mato Grosso, que preocupam produtores, são boa notícia para uma usina pioneira que produz etanol a partir do cereal, com as margens favoráveis colaborando com os planos de expansão de produção este ano


Publicado em: 21/07/2014 às 11:40hs

Queda no preço do milho favorece produção de etanol no interior de MT

A Usimat, que começou a operar em 2012, esmagou 67 mil toneladas de milho em 2013/14 e deverá atingir 100 mil toneladas entre novembro de 2014 e abril de 2015.

A empresa do município de Campos de Júlio também opera com cana, mas é com o cereal que a administração da companhia está mais satisfeita, em função dos custos mais competitivos desta matéria-prima.

"Já estamos recebendo (milho), porque a safra está em andamento, já estamos estocando", disse o gestor da usina, Sérgio Barbieri.

A saca de milho está sendo comprada por 15 reais, entregue na usina (incluindo frete e outros custos). Até 18 reais/saca, o grão é mais lucrativo que a cana, e até 21 reais é viável para a produção do combustível, diz Barbieri.

A unidade foi construída numa região remota, no oeste de Mato Grosso, grande produtora de milho mas distante dos portos e grandes centros consumidores, o que dificulta a logística e pressiona as cotações do grão pago aos agricultores.

Os produtores estão recebendo na fazenda 11 reais por saca de milho naquela região, abaixo do preço mínimo estabelecido pelo governo e com uma queda de 44 por cento em dois meses, devido ao avanço da colheita, segundo cotações apuradas pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).

A usina aproveita a época de colheita do milho, quando os preços tradicionalmente ficam pressionados, para fazer suas compras, e depois armazena o produto para processá-lo apenas entre novembro e abril, na entressafra da cana.

Barbieri se orgulha de manter a unidade funcionando 340 dias por ano, contra 210 dias de uma usina que trabalha apenas com cana.

Assim como em praticamente todas as usinas que operam com cana no Brasil --muitas delas já em crise por problemas financeirosas margens para a Usimat, com cana, são mais apertadas.

"Vivemos, de certa forma, o inferno na cana e o céu no milho", disse o executivo.

O custo de produção de um litro de etanol de cana está em 1,20 real, contra 1,08 real para o etanol de milho. A conta inclui a venda de um subproduto do cereal, os grãos secos de destilaria (DDG, na sigla em inglês).

A Usimat é a primeira a produzir etanol à base de milho comercialmente no Brasil, técnica muito comum nos Estados Unidos. Outros projetos semelhantes já começam a ser estudados em outras partes de Mato Grosso, tendo a Usimat como modelo.

Especialistas ressaltam que o milho é mais competitivo que a cana em regiões específicas, com grande oferta do cereal e distantes do grande centro produtor de cana, no interior de São Paulo.

Fonte: Reuters

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