Milho e Sorgo

Produtores esperam novos problemas na safra de milho em MT

Mesmo bem longe da ‘janela ideal’ para o plantio, o milho segue sendo semeado em Mato Grosso e deve ainda movimentar as plantadeiras até o próximo final de semana


Publicado em: 11/03/2014 às 17:50hs

Produtores esperam novos problemas na safra de milho em MT

O melhor momento para o pleno desenvolvimento da cultura, no Estado, foi encerrado em fevereiro, ou seja, os produtores mesmo atrasados estão esticando em quase três semanas a formação da safrinha com o cereal. A estimativa é que cerca de 800 mil hectares de milho estão ou estarão semeados fora da “janela” do grão.

Conforme dados divulgados ontem pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e pela Associação dos Produtores de Milho e Soja (Aprosoja/MT), com a melhora no regime de chuvas e progressão no ritmo da colheita da soja, as plantadeiras puderam retornar às lavouras e a semeadura do milho alcançou 91% da área esperada para a safra 2013/14 até a última sexta-feira. Mesmo com o atraso e plantio março adentro, as projeções ao cereal nesta safra não foram ainda revisadas pelo Imea e a expectativa é de que até o final desta semana o plantio tenha coberto 3,24 milhões de hectares estimados pelo Instituto para a safrinha 2014. Se esse cenário se confirmar, a área plantada neste ano será quase 13% inferior à registrada ano passado, quando Mato Grosso cultivou a sua maior segunda safra de milho da história, 3,70 milhões de hectares.

A região norte – que concentra a maior área, mais 1,5 milhão de hectares - é a que tem a semeadura mais adiantada, com 93,26% da área, a região leste, logo em seguida, cobriu 90,32% das lavouras, e as regiões oeste e sul, têm 89% da área semeada cada uma.

O risco - O plantio fora da janela e o preço do milho na época de planejamento das lavouras são os dois principais fatores que influenciam na produtividade esperada para esta segunda safra, de 87,6 sacas por hectare, uma queda significativa frente as 101 sacas por hectare da safra passada. “O investimento mais baixo em insumos e o plantio de algumas áreas fora do período mais apropriado, que deixa o milho mais suscetível ao clima, causam uma estimativa de queda na produtividade. Mas esses números podem ser alterados de acordo com a progressão das lavouras e do clima”, explica O diretor técnico da Aprosoja/MT, Nery Ribas. O milho é uma cultura que necessita de bastante umidade para formação do grão e por isso o plantio até a última semana de fevereiro, garante uma condição agronômica favorável à planta.

Mesmo antes de uma confirmação sobre a área real do milho segunda safra, o Imea destaca que a safrinha já é inferior ao que foi no ano passado. Com a redução de área – em 13% ante 2013 - e a queda de produtividade – que até o momento é de 13,63% ao considerar apenas o fator falta de investimentos - o volume de produção esperado é de 17 milhões de toneladas de milho, cinco milhões de toneladas a menos que na safra anterior, quando Mato Grosso bateu o recorde de produção e se tornou o maior produtor nacional do cereal, a exemplo do que já é em relação à soja e ao algodão. “Foi justamente pelo recorde, pela oferta excessiva de milho que derrubou as perspectivas de preços e pelas precariedades logísticas é que houve redução no investimento das lavouras de milho e a consequente redução de área plantada”.

Mercado – Ainda com as incertezas em torno do mercado do milho, o atual ciclo (2014) está com apenas 5,4% da produção comercializada, o equivalente a 912 mil toneladas. No mesmo período, na safra passada, cerca de 3,57 milhões de toneladas já estavam comprometidas. Apesar disso, segundo o Imea, há uma inversão de cenários, com expectativa de melhora nas cotações do cereal, com possibilidade de incremento de lucro ao produtor, o que minimizaria as perdas sofridas na safra anterior.

Clima – O risco do plantio fora da “janela” ideal neste caso não é a chuva em excesso e sim a falta dela. Em abril, termina a estação chuvosa no Estado e o milho semeado fora do prazo pode ser prejudicado pela falta de água, podendo gerar queda da produtividade.

Em Mato Grosso, o ritmo do plantio do milho é cadenciado pela colheita da soja, já que área da oleaginosa é a mesma que abriga o milho. Se há atrasos na primeira safra, seja por excesso de chuvas ou nó logístico, inevitavelmente, haverá na segunda e isso é decisivo e limitante para o rendimento do ceral.

Fonte: Diário de Cuiabá

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