Milho e Sorgo

Produtores enfrentam dificuldades para estocar safra de milho do Brasil

Há montanhas de milho a céu aberto em várias regiões de Mato Grosso. Apenas 40% da safra foram comercializados


Publicado em: 14/08/2013 às 15:20hs

Produtores enfrentam dificuldades para estocar safra de milho do Brasil

Competitivos do portão para dentro da fazenda, os produtores de grãos brasileiros sofrem com gargalos de infra-estrutura. Faltam armazéns para estocar a safra recorde de milho brasileira.

Em várias regiões de Mato Grosso há montanhas de milho a céu aberto, o que causa preocupação para agricultores e empresários. "Se este produto não sair do tempo nos próximos 15 ou 20 dias, já corre o risco de sofrer um pouco de chuva e estragar uma parte deste produto", diz o gerente comercial Igor Ferreira.

A colheita das lavouras ainda não terminou, mas já falta espaço para guardar a produção recorde. “Isso traz transtorno e custo elevado de frete", diz o agricultor Mauro Ciciliato.

Apenas 40% da safra já foram vendidos. A reclamação não é nova. Essa situação tem se repetido nos últimos anos, o que mostra que a eficiência do campo não foi acompanhada pela infra-estrutura. “Esse ano Mato Grosso deve colher 45,8 milhões de toneladas de grãos. Se ainda considerarmos que o recomendado é de 20% a mais que a produção, o déficit seria de 25,6 milhões de toneladas, o que equivale praticamente a nossa produção de soja inteira”, diz Daniel Latorraca, economista do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

O apagão logístico poderia ser minimizado com a utilização dos armazéns públicos da Conab. Mas das 21 unidades em Mato Grosso, pelo menos seis não estão recebendo grãos. Uma delas, que fica em Cuiabá, foi desativada há cinco anos.

Em Sorriso, norte do estado, silos estão fechados desde 2009. Falta estrutura para receber a produção. Dentro de um dos armazéns há 162 toneladas de milho colhidas em 2008. A situação é parecida em Sinop. Um galpão está vazio e o outro ocupado com arroz de terceiros. Já em Diamantino, os armazéns da Conab não recebem grãos há dois anos.

“Um armazém, com investimento  milionário, parado por falta de manutenção é prejuízo para todo mundo, tanto para o contribuinte que investiu o dinheiro dele ali quanto para o produtor que precisa desta estrutura para armazenar os grãos", diz Marcelo Duarte diretor-executivo da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja).

“Nós pretendemos até dezembro estar com todos os projetos, tanto de reforma quanto de construção de novas unidades para que em janeiro de 2014 nós possamos dar início a estas obras”, diz Marcelo Melo, diretor de abastecimento Conab.

Para o economista Paulo Rabello de Castro, a condição precária de alguns armazéns da Conab revela omissão e erros de planejamento do governo. "O que falhou e falhou rendamente no armazenamento nacional nos últimos anos é que ao setor privado faltaram os incentivos e as orientações adequadas e ao setor público faltou todo o resto", diz

O preço desta falta de infra-estrutura é a perda da competitividade do produto brasileiro. "As lavouras de milho dos Estados Unidos tem potencial para produzir 350 milhões de toneladas de milho, o que seria um recorde para aquele país, num ano em que o Brasil também teve a sua produção recorde de milho. Resultado disso preços pressionados. Sofre mais aqueles que têm ligística mais deficiente, que sofre mais com a falta de competitividade, que é o caso de Mato Grosso, onde uma tonelada de milho chega a valer menos que o custo do transporte até o porto", diz Eduardo Godoi, economista da Famato.

Fonte: Jornal da Globo

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