Milho e Sorgo

Produtores de MT investem R$ 1 bilhão em usina de etanol de milho para ampliar demanda local

Grupo de 34 agricultores da região de Sinop lidera projeto que deve aumentar o processamento de milho e fortalecer mercado regional


Publicado em: 16/07/2025 às 16:00hs

Produtores de MT investem R$ 1 bilhão em usina de etanol de milho para ampliar demanda local
Investimento bilionário para usina de etanol em Sinop

Um consórcio de 34 produtores rurais de Sinop (MT) iniciou um investimento de R$ 1 bilhão para construir uma usina de etanol de milho, financiado em grande parte com recursos próprios. A nova planta, da empresa Evermat, será vizinha à usina da Inpasa — atualmente a maior indústria de etanol de milho do mundo — e deve ampliar a demanda local pelo cereal.

Capacidade e concorrência da nova planta

A usina Evermat terá capacidade inicial para processar até 440 mil toneladas de milho por ano, com potencial para dobrar esse volume conforme o mercado. Ela competirá diretamente com a usina da Inpasa, que fica a 50 km de distância e processa 4,6 milhões de toneladas anuais, além de enfrentar a concorrência de fábricas menores de ração e de tradings com silos na região.

Oferta regional de milho é superior à demanda

Apesar do aumento da demanda, a oferta de milho no entorno é superior. Em 2023, Sinop e municípios vizinhos — como Sorriso, Vera e Tapurah — colheram 7,7 milhões de toneladas de milho em suas safras, segundo dados do IBGE.

Só os produtores associados à Evermat possuem mais de 100 mil hectares disponíveis para cultivo, produzindo aproximadamente 600 mil toneladas de milho na safra de inverno — suficiente para suprir a necessidade inicial da usina.

Origem do grupo e controle acionário

Os produtores associados à Evermat já tinham se unido em 2018 para fundar a Cooperativa Agroindustrial do Norte de Mato Grosso (Coanorte). No entanto, a usina é uma empresa independente, de propriedade direta dos 34 produtores, com controle majoritário concentrado em dez famílias, que detêm 65% das ações.

Estratégia de verticalização da produção

O presidente da Evermat, Tiago Stefanello, explica que a decisão pelo investimento veio da busca por verticalização da produção agrícola da região, que inclui soja, milho, algodão e pecuária, com alguns associados usando irrigação.

“Fizemos estudos de mercado e identificamos que a melhor oportunidade era investir em uma biorrefinaria de milho”, afirmou Stefanello.

Investimento já em andamento

Dos R$ 1 bilhão previstos, R$ 700 milhões já foram aplicados. A empresa já construiu um armazém com capacidade para 180 mil toneladas de milho, quase metade do que será consumido pela usina em um ano.

A construção da usina começou recentemente, com equipamentos praticamente todos adquiridos. A planta terá capacidade para produzir 207,5 milhões de litros de etanol anidro ou 215 milhões de litros de etanol hidratado por ano, além de 134 mil toneladas de DDGS (grãos secos de destilaria com solúveis) e 7,9 mil toneladas de óleo de milho. A previsão de operação é para meados de 2026.

Produção de energia a partir de cavaco de madeira

O empreendimento contará com uma planta de cogeração de energia de 13 megawatts, gerada pela queima de cavaco de eucalipto. O fornecimento será feito por empresas da região, inclusive alguns sócios da Evermat, que atuam no setor há alguns anos.

Stefanello destacou que a experiência das usinas anteriores, como a da Inpasa e da FS, ajudou a estabilizar o mercado regional de cavaco de madeira, garantindo oferta regulada e confiável.

Recursos e política de preços

Entre 70% e 75% do investimento na Evermat vem de capital próprio dos sócios, com o restante financiado por bancos.

Apesar de os próprios produtores serem os principais fornecedores da usina, Stefanello reforça que os preços pagos serão os praticados no mercado, já que a Evermat é uma sociedade anônima e precisa gerar retorno para a empresa, não diretamente para o agricultor. O retorno dos sócios ocorrerá via participação societária.

Mercado promissor para coproduto DDGS

Além do etanol, o projeto prevê grande foco na produção e comercialização de DDGS, um subproduto rico em proteínas utilizado em rações.

A recente abertura do mercado chinês para importação de DDG e DDGS brasileiros é vista como um ponto positivo para o negócio.

Stefanello estima que o mercado externo será o principal destino do DDGS da Evermat no médio prazo, enquanto o consumo interno, especialmente em confinamentos do Norte de MT, Pará e sul do Amazonas, deve atender parte da produção.

Com o investimento, produtores mato-grossenses esperam fortalecer a cadeia do milho na região, diversificar receitas e aumentar a competitividade no mercado nacional e internacional.

Fonte: Portal do Agronegócio

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