Milho e Sorgo

Preços do Milho Seguem Pressionados no Brasil em Meio a Safra Americana Recorde

Mercado interno acompanha queda internacional, enquanto produtores brasileiros enfrentam cenário de oferta abundante nos Estados Unidos


Publicado em: 14/08/2025 às 11:20hs

Preços do Milho Seguem Pressionados no Brasil em Meio a Safra Americana Recorde

O mercado de milho brasileiro enfrenta forte pressão, tanto no âmbito interno quanto externo, com negociações travadas, liquidez reduzida e cotações influenciadas pela safra recorde dos Estados Unidos. Produtores e compradores acompanham de perto as oscilações na B3 e em Chicago, enquanto fatores climáticos e custos de produção impactam o comércio doméstico.

Negociações travadas nos estados do Sul

No Rio Grande do Sul, as negociações de milho permanecem lentas, com muitos produtores destinando a produção ao consumo próprio ou entregas locais, evitando vender grandes volumes. Segundo a TF Agroeconômica, o estado ainda depende do milho proveniente do Centro-Oeste e do Paraguai. As cotações variam entre R$ 65,00/saca em Santa Rosa e Ijuí e R$ 68,00/saca em Arroio do Meio, Lajeado e Montenegro, com pedidos para agosto entre R$ 66,00 e R$ 70,00/saca.

Em Santa Catarina, a diferença entre pedidos e ofertas impede novas vendas. Em Campos Novos, os produtores pedem R$ 80,00/saca, enquanto as ofertas não passam de R$ 70,00. No Planalto Norte, os pedidos giram em torno de R$ 75,00 e as ofertas médias são de R$ 71,00, refletindo dificuldade de comercialização e impacto nos investimentos para a próxima safra.

No Paraná, apesar do avanço da colheita, os preços permanecem enfraquecidos. Agricultores solicitam valores próximos de R$ 73,00/saca, chegando a R$ 75,00 em alguns pontos, enquanto ofertas CIF não passam de R$ 70,00, mantendo a liquidez reduzida. A variação regional vai de R$ 54,18 a R$ 64,17/saca, com destaque para a Região Metropolitana de Curitiba (R$ 66,77), Centro Oriental (R$ 55,91), Norte Central (R$ 54,93) e Oeste (R$ 54,41).

No Mato Grosso do Sul, os impactos climáticos prejudicaram a segunda safra e o comércio de milho segue devagar. Os preços oscilam entre R$ 44,00 e R$ 50,00/saca, mas a insegurança mantém produtores e compradores resistentes a fechar novos contratos.

Mercado externo pressiona cotações no Brasil

Na Bolsa Brasileira (B3), os contratos futuros do milho abriram em campo negativo na quinta-feira (14), com as principais cotações flutuando entre R$ 64,55 e R$ 72,60 por volta das 10h00. O vencimento setembro/25 era cotado a R$ 64,55, recuando 0,45%, enquanto o novembro/25 valia R$ 66,68, com baixa de 0,40%. O janeiro/26 foi negociado a R$ 69,80 (-0,21%) e março/26 a R$ 72,60 (-0,41%).

No exterior, a Bolsa de Chicago (CBOT) também abriu no campo negativo, com os contratos de milho futuros em queda: setembro/25 a US$ 3,70 (-3,75 pontos), dezembro/25 a US$ 3,93 (-4,25 pontos), março/26 a US$ 4,11 (-4 pontos) e maio/26 a US$ 4,21 (-4,25 pontos). O recuo é atribuído aos dados divulgados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos EUA), que revisou para cima a área plantada e a produtividade, projetando uma safra recorde de 16,74 bilhões de bushels e produtividade máxima histórica de 188,8 bushels por acre.

Bruce Blythe, analista da Farm Futures, observa que a forte demanda por exportação pode ajudar a conter a queda dos preços, destacando que os dados de vendas semanais do USDA deverão refletir a procura robusta pelo milho da nova safra.

Oscilações e recuperação no mercado de milho

Na quarta-feira, o mercado brasileiro apresentou comportamento misto. Segundo a TF Agroeconômica, contratos de curto prazo na B3 encerraram em leve alta, enquanto vencimentos posteriores a março/26 recuaram, pressionados pelo milho mais barato dos EUA e pelas fortes vendas externas.

Apesar disso, a ANEC (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais) revisou para cima sua projeção de embarques de milho em agosto, de 7,58 para 7,97 milhões de toneladas, bem acima das 6,42 milhões registradas no mesmo mês de 2023.

Em Chicago, o milho recuperou-se com compras de oportunidade e suporte dos dados do setor de etanol. O contrato de setembro, referência para a safrinha brasileira, fechou a US$ 374,00 (+0,67%), e o de dezembro a US$ 397,20 (+0,68%). A recuperação foi impulsionada pela expectativa de maior demanda doméstica e externa, aumento de 1,1% na produção diária de etanol e queda de 4,7% nos estoques.

O mercado agora acompanha atentamente as vendas semanais do USDA, projetadas entre 1 e 3 milhões de toneladas, além da evolução da safra brasileira e do comportamento das cotações internacionais.

Fonte: Portal do Agronegócio

◄ Leia outras notícias