Milho e Sorgo

Preços de milho e café tombam em outubro

Ofertas globais amplas ou em recomposição tiraram sustentação das cotações internacionais de cinco das oito principais commodities agrícolas negociadas pelo Brasil no exterior em outubro


Publicado em: 01/11/2013 às 13:00hs

Preços de milho e café tombam em outubro

Cálculos do Valor Data com base nas médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente a de maior liquidez) de produtos negociados nas bolsas de Chicago ou Nova York mostram que soja, milho, café, suco de laranja e algodão encerraram o mês em patamares de negociação inferiores aos registrados em setembro. Açúcar, cacau e trigo subiram.

Na bolsa de Chicago, os destaques foram as quedas de soja e milho, cujas ofertas estão em recomposição graças a boas colheitas nesta temporada 2013/14 nos Estados Unidos, cujas lavouras padeceram em 2012/13 com uma das mais severas estiagens da história do país.

De acordo com o Valor Data, em outubro o preço médio da soja foi 4,56% menor que no mês anterior, quando houve alta sobre a média de agosto em razão de ameaças climáticas que ainda pairavam sobre as plantações. A valorização de setembro, por sinal, interrompeu uma sequência de três meses de retrações.

Tais retrações já refletiam a recomposição da oferta americana, que prevaleceu apesar dos riscos que emergiram em setembro. E as boas perspectivas para a produção na América do Sul, notadamente no Brasil, onde o plantio desta safra 2013/14 está acelerado, também já fazem pressão sobre as cotações.

No caso do milho, o preço médio de outubro recuou 3,18% em relação ao mês anterior, para o menor nível desde agosto de 2010 em Chicago. Como não houve alta em setembro, foi o sétimo mês seguido de perdas, igualmente influenciadas pela recuperação americana no tabuleiro.

O mercado de trigo escapou da tendência graças, principalmente, à boa demanda pelo cereal dos EUA em um período de problemas climáticos em regiões produtoras de Rússia, Ucrânia e Argentina. Assim, o preço médio da commodity em Chicago fechou outubro com uma expressiva variação positiva de 6,04%.

Básicos para a produção de alimentos e rações e importantes matérias-primas para a produção de biocombustíveis (etanol ou biodiesel), os três grãos encerraram outubro com preços médios menores que em dezembro e que em de outubro do ano passado (ver gráficos).

Como em setembro, outubro também foi marcado por uma forte ligação entre as bolsas de Chicago e Nova York. Com o crescente "pessimismo" em relação ao milho, os fundos que especulam com commodities reforçaram as apostas na alta do trigo, mas também na do açúcar.

Conforme o último relatório divulgado pela Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês), os gestores de recursos ("managed money") encerraram a semana do dia 15 de outubro com um saldo de 178.651 contratos (entre futuros e opções) comprados em açúcar demerara em Nova York, aumento de 17%, ou 26.111 contratos, em relação à semana anterior.

Isso porque, do lado dos fundamentos, chuvas no Centro-Sul do Brasil prejudicaram a safra na região e incêndios no terminal da Copersucar no porto de Santos e em um armazém do produto em Santa Adélia (SP) comprometeram mais de 200 mil toneladas, além de terem tumultuado o fluxo de exportações do Brasil, maior fornecedor mundial.

Mas, apesar disso, a expectativa da Organização Internacional do Açúcar (ISO, na sigla em inglês) ainda é que a oferta ultrapasse a demanda em cerca de 4,5 milhões de toneladas nesta temporada 2013/14, o que sinaliza que o "rally" altista pode ter vida curta.

De qualquer forma, com a valorização de outubro (5,9%), a quarta consecutiva na comparação entre as médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega, o patamar alcançado é o maior desde janeiro deste ano. Em relação à média de dezembro, a queda ainda é de 3,38%, e na comparação com outubro de 2012, chega a 8,16%.

O cacau também subiu em Nova York em outubro - 4,36% sobre setembro -, graças a chuvas em áreas produtoras do oeste da África, e ampliou suas altas acumuladas para 13,79% sobre dezembro e 11,48% em relação a outubro de 2012.

No terreno negativo para as cotações no mercado nova-iorquino, o suco de laranja emerge com uma queda de 6,16% sobre outubro, determinada, basicamente, por um enfraquecimento ainda maior da demanda pela bebida nos EUA.

O tombo virou a variação acumulada na comparação com a média de dezembro, que passou a ser negativa e, 5,28%. Ainda assim, a média de outubro foi 10,4% mais elevada que a do mesmo mês do ano passado.

Mas os holofotes "baixistas" voltaram a se concentrar no mercado de café, cujo "alçapão" se abriu como não se via em Nova York desde 1972. Ficou para a história a sequência de 11 baixas consecutivas registrada naquele ano, como também ficará o fato dela ter sido superada nesta semana, mais de 40 anos depois.

Em outubro, a cotação média do café foi 1,94% inferior ao resultado de setembro, o que inflou as desvalorizações acumuladas em relação às médias de dezembro e de outubro de 2012 para 21,75% e 31,42%, respectivamente. O fato é que a oferta mundial é confortável, sustentada por boas safras em Brasil e Colômbia, e não há sinais de mudanças nesse desequilíbrio no curto prazo.

Já o algodão voltou a recuar, pelo segundo mês, mas pouco. A cotação média da commodity recuou 1,04% sobre setembro, mas não se pode afirmar que tenha terminado a recuperação que marcou o segundo e o terceiro trimestres deste ano - e que motivou inclusive uma maior aposta no plantio da cultura na segunda safra desta temporada 2013/14. Na comparação com dezembro, a alta ainda chega a 10,51%, e sobre outubro do ano passado, a 14,55%.

Fonte: Canal do Produtor

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