Publicado em: 26/11/2020 às 12:25hs
Para que isso se tornasse possível, 13 anos de pesquisa foram dedicados para geração de conhecimento para permitir que o produtor saiba como e o momento certo de utilizar a tecnologia, além do desenvolvimento de uma semeadora-adubadora que possa trabalhar neste novo modelo sem provocar danos às plantas de soja, garantindo que a produtividade não seja comprometida por competição ou mesmo pelo corte durante a colheita e o amassamento das plantas de milho provocado pelos pneus da colhedora durante a colheita da soja, também não comprometendo a produtividade do milho.
O que ocorre no sistema Antecipe com a cultura da soja? A tecnologia foi desenvolvida para não dificultar as operações na fazenda. Se o produtor resolver adotar o Antecipe em parte de sua área, até mesmo porque não é preciso antecipar toda a lavoura, não será necessário ajuste no espaçamento entre linhas. Isso só foi possível porque a semeadora-adubadora para o Antecipe foi desenvolvida para trabalhar nos mesmos espaçamentos que qualquer semeadora existente no mercado. Assim, se a soja é semeada no espaçamento de 50 cm entrelinhas, por exemplo, no momento da entrada da máquina para o Antecipe, o espaçamento do milho também continuará com 50 cm. Porém, para isso, alguns cuidados devem ser considerados:
Visto isso, é importante que os produtores possam entender que o sistema não visa a substituição tradicional do cultivo do milho safrinha. O Antecipe é uma tecnologia que objetiva reduzir o risco naquelas áreas da propriedade em que a semeadura tem sido realizada ao final da janela preconizada para cada região, definido pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) publicado pelo MAPA. Por isso, o planejamento da cultura da soja para o uso do Antecipe passa a ser fundamental para o sucesso da tecnologia.
Com a soja implantada e planejada para a semeadura do milho nas entrelinhas, o agricultor realizará a operação da mesma forma como a semeadura “tradicional”. Na semeadura do milho o produtor deve levar em consideração o espaçamento das entrelinhas da soja, pois ajustes no trator devem ser levados em conta, como as medidas dos pneus dianteiros e traseiros que devem realizar deslocamento sem danos à soja.
É importante ressaltar que o fato da semeadura do milho ocorrer antecipadamente na entrelinha da soja não irá alterar o manejo dado às culturas em relação aos tratos culturais como a adubação. Todos os cuidados e recomendações são iguais ao milho semeado após a colheita da soja.
Com o milho implantado e as plantas desenvolvendo chega o momento da colheita da oleaginosa e esta é realizada normalmente. Essa operação cortará as plantas de milho, mas como o ponto de crescimento dessa planta ainda está abaixo do solo, o crescimento e o desenvolvimento não são comprometidos, levando o milho a produzir melhor do que o milho semeado tardiamente, ou seja, fora do período recomendado pelo ZARC. A adubação nitrogenada de cobertura no milho deverá ser realizada o quanto antes, considerando as recomendações já consolidadas pela pesquisa, porém, podendo ser feita em época de maior aproveitamento pelas plantas.
Seguindo as recomendações já consolidadas para o cultivo da soja e do milho safrinha, o Antecipe poderá:
Como o Antecipe é um sistema que depende de conhecimento técnico para sua implementação, a Embrapa desenvolveu um aplicativo que auxiliará o agricultor na tomada de decisão, orientando o momento mais adequado para se iniciar o planejamento para a semeadura do milho nas entrelinhas da soja. Desta maneira, o produtor poderá acompanhar, na área definida para a utilização do Antecipe, como está o desenvolvimento da soja, recebendo notificações no dispositivo. Além disso, com o aplicativo, o produtor também poderá armazenar informações sobre os tratos culturais da soja e do milho, mantendo o histórico das áreas de produção, o que facilitará o planejamento das safras posteriores, melhorando a gestão da propriedade e diminuindo os riscos que levam a reduções de produtividades.
Por Décio Karam, membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), Ph.D, pesquisador de Manejo de Plantas Daninhas da Embrapa Milho e Sorgo
Fonte: CCAS
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