Milho e Sorgo

Milho: safra recorde nos EUA pressiona preços, mas retração vendedora sustenta mercado no Brasil

Preços do milho em Chicago acumulam quarta queda consecutiva


Publicado em: 11/09/2025 às 19:20hs

Milho: safra recorde nos EUA pressiona preços, mas retração vendedora sustenta mercado no Brasil
Foto: CNA

O milho encerrou agosto em queda pelo quarto mês seguido na Bolsa de Chicago (CBOT), refletindo o cenário de safra recorde nos Estados Unidos. O contrato do cereal caiu 5,6% no mês, cotado a US$ 3,85/bu, após já ter recuado mais de 5% em julho.

Segundo o Agro Mensal, relatório da Consultoria Agro do Itaú BBA, o movimento foi sustentado pela expectativa de um forte aumento nos estoques americanos — com projeções de crescimento superior a 60% no final do ciclo — além da ausência da China no mercado internacional, já que o país também colhe uma safra volumosa.

Reação no mercado interno com vendas mais lentas

Apesar da pressão externa, os preços do milho no Brasil reagiram em agosto. A comercialização cadenciada por parte dos produtores limitou as quedas e até favoreceu ganhos em algumas regiões. Em Campinas (SP), o cereal registrou alta de 0,4%, enquanto em Sorriso (MT) a valorização foi de 6,7%, alcançando R$ 44/saca.

A Conab revisou para cima sua estimativa de produção de milho da safra 2024/25, que passou de 132 milhões de toneladas para 137 milhões de toneladas. O destaque ficou para a 2ª safra, projetada em 109,5 milhões de toneladas, contra 104,5 milhões de toneladas na previsão anterior.

Plantio da safra de verão 2025/26 ganha ritmo

Os trabalhos de plantio da safra de milho verão 2025/26 avançam em todo o país, especialmente nos estados do Sul. No Rio Grande do Sul, as chuvas, ainda que em volumes baixos, favoreceram o desenvolvimento das áreas já semeadas. O plantio no estado alcançou 32% da área estimada, de acordo com dados da Conab.

Oferta global em alta e dólar menos favorável podem pressionar preços

O USDA também elevou suas projeções para a safra americana. A área colhida foi revisada para 35,9 milhões de hectares (+2,2% sobre julho) e a produtividade ajustada de 11,4 para 11,9 t/ha. Com isso, a produção saltou de 399 milhões para 425 milhões de toneladas.

Apesar de ajustes na demanda interna e nas exportações, a estimativa de estoque final subiu de 42 para 53,8 milhões de toneladas, um avanço de 27,5% em relação ao mês anterior. No balanço global, os estoques para a safra 2025/26 devem se manter em torno de 280 milhões de toneladas, trazendo maior equilíbrio entre oferta e consumo.

China mantém safra robusta e reduz importações

A China deve colher 295 milhões de toneladas de milho em 2025/26, mantendo a produção em níveis elevados. O crescimento é impulsionado pelo uso de milho transgênico, parte da estratégia do país para reforçar a segurança alimentar. Com maior oferta interna, a expectativa é de que as importações chinesas continuem em patamares baixos, o que ajuda a pressionar os preços internacionais.

Produtor brasileiro retém milho, mas câmbio e estoques limitam estratégia

No Brasil, produtores mantêm postura cautelosa, segurando o milho na expectativa de repetir a valorização observada no segundo semestre de 2024. No entanto, a estratégia enfrenta limites: armazéns devem ser liberados até janeiro para a entrada da soja, reduzindo a capacidade de retenção.

Outro fator é o câmbio. No ano passado, o dólar saltou de R$ 4,70 para R$ 6,30 entre julho e dezembro, favorecendo as exportações. Em 2025, o cenário é diferente: além da safra recorde global, o dólar menos valorizado tende a pressionar os preços domésticos no último trimestre.

Fonte: Portal do Agronegócio

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