Milho e Sorgo

Milho registra avanço nas cotações externas, mas negociações seguem lentas no Brasil

Apesar da alta nos preços externos, produtores brasileiros enfrentam dificuldades para avançar nas negociações, refletindo cautela no mercado doméstico


Publicado em: 26/09/2025 às 11:20hs

Milho registra avanço nas cotações externas, mas negociações seguem lentas no Brasil

O mercado de milho vive um momento de contrastes: enquanto as cotações ganham força no cenário internacional e na Bolsa brasileira, as negociações internas seguem travadas em várias regiões do país, refletindo diferenças de preços entre compradores e vendedores e um ritmo ainda lento nas operações.

Mercado interno: negócios travados no Sul e ajustes regionais

No Rio Grande do Sul, a liquidez permanece baixa, com negociações restritas. Segundo a TF Agroeconômica, as indicações de compra giram em torno de R$ 67,00 a R$ 70,00 por saca, dependendo da praça. Para fevereiro de 2026, os contratos futuros no porto seguem em R$ 69,00/saca.

Em Santa Catarina, a diferença entre pedidas e ofertas praticamente paralisa o mercado. Em Campos Novos, produtores pedem R$ 80,00/saca, enquanto as ofertas não passam de R$ 70,00. No Planalto Norte, a distância também é significativa, com pedidos em R$ 75,00 contra ofertas de R$ 71,00. Essa disparidade tem levado parte dos agricultores a repensar os investimentos para o próximo ciclo.

No Paraná, a colheita histórica foi concluída, e o novo ciclo começa de forma desigual. As cotações apresentaram ajustes regionais: no Oeste, o preço caiu para R$ 55,58 (-1,76%); em Curitiba, avançou levemente para R$ 67,23 (+0,20%). Cidades como Maringá, Cascavel, Londrina e Ponta Grossa também registraram pequenas quedas.

Já no Mato Grosso do Sul, apesar de estabilidade geral, os preços variam entre R$ 48,00 e R$ 53,00/saca, com Dourados registrando as maiores referências. Produtores mantêm cautela, restringindo a oferta e segurando lotes a preços mais altos, o que prolonga a lentidão no mercado spot.

Bolsa e cenário externo sustentam preços do milho

Enquanto o mercado físico interno segue desaquecido, os contratos futuros na B3 registraram movimentos mistos. O vencimento de novembro/25 avançou R$ 0,40, enquanto março/26 encerrou em baixa. A firmeza do mercado físico ajudou a sustentar os preços após quedas recentes.

No exterior, as cotações foram favorecidas pelo bom desempenho em Chicago e pela valorização do dólar. Relatórios apontam aumento expressivo nas exportações semanais de milho, com alta de 56,17% frente à semana anterior. México, Colômbia, Japão, Espanha e destinos não revelados lideraram as compras.

Na Argentina, a retirada temporária de impostos sobre exportações ajudou a acelerar a entrada de dólares no país, contribuindo para o otimismo no mercado, ainda que a medida tenha sido revertida posteriormente.

Exportações brasileiras seguem firmes

No Brasil, as exportações também dão suporte às cotações. De acordo com a ANEC, os embarques de milho devem alcançar 7,61 milhões de toneladas em setembro, 6,9% acima da projeção da semana anterior. A demanda aquecida mantém o cereal em evidência tanto no mercado interno quanto externo.

Perspectivas para a safra 2025/26

Apesar de algumas divergências entre estimativas do USDA e do mercado, as projeções continuam positivas para a safra 2025/26. A expectativa é de colheita recorde, o que deve garantir maior liquidez ao cereal e reduzir riscos de perdas significativas.

Especialistas apontam que a combinação entre forte demanda global e cautela dos produtores brasileiros continuará sendo o principal fator de sustentação dos preços nos próximos meses.

Fonte: Portal do Agronegócio

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