Publicado em: 13/10/2025 às 11:20hs
Os preços do milho encerraram a última semana em alta, com o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas – SP) voltando a operar acima dos R$ 65 por saca de 60 kg, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
A valorização foi impulsionada pela retração dos vendedores e por uma demanda pontual mais aquecida, especialmente diante das incertezas climáticas que afetam o início da semeadura da safra de verão.
O retorno das chuvas nas regiões Sul e Centro-Oeste trouxe alívio ao campo, mas também reduziu o ritmo das atividades de plantio. Além disso, as exportações em bom ritmo em setembro ajudaram a sustentar os preços, tanto nos portos quanto no interior. Do lado comprador, parte dos agentes voltou a atuar no mercado físico para recompor estoques, embora a maioria ainda possua volumes suficientes para o curto prazo, o que limita maiores altas.
Apesar do avanço do plantio, a liquidez do milho segue baixa em diversas praças do país, segundo dados da TF Agroeconômica.
No Rio Grande do Sul, o mercado permanece travado e dependente de grãos vindos de outros estados e do Paraguai. As indicações de compra variam entre R$ 67,00 e R$ 70,00/saca, enquanto as pedidas de venda giram em torno de R$ 70,00 a R$ 72,00/saca. No porto, os contratos futuros estão cotados a R$ 69,00/saca para fevereiro de 2026.
Em Santa Catarina, produtores mantêm pedidos próximos de R$ 80,00/saca, mas as indústrias não ultrapassam R$ 70,00/saca, o que deixa o mercado praticamente parado. No Planalto Norte, as negociações oscilam entre R$ 71,00 e R$ 75,00/saca, sem avanços.
O Paraná também enfrenta lentidão nas negociações, com ampla oferta e liquidez reduzida. Produtores pedem R$ 75,00/saca, enquanto as indústrias limitam ofertas a R$ 70,00 CIF, travando o mercado spot.
Em Mato Grosso do Sul, os preços variam entre R$ 48,00 e R$ 53,00/saca, com Dourados no topo, e o cenário segue estável, com vendedores resistentes a valores menores e compradores cautelosos.
Na Bolsa Brasileira de Mercadorias (B3), os preços futuros do milho abriram a segunda-feira (13) em queda, com as principais cotações variando entre R$ 67,64 e R$ 71,49, por volta das 10h07. O contrato novembro/25 recuava 0,35%, cotado a R$ 67,64, enquanto janeiro/26 e março/26 registravam baixas de 0,47% e 0,50%, respectivamente.
No mercado externo, a Bolsa de Chicago (CBOT) operava próxima da estabilidade, com o contrato dezembro/25 cotado a US$ 4,13 por bushel, ligeira alta de 0,25 ponto. Já março/26 e maio/26 recuavam 0,75 ponto.
Segundo o portal Farm Futures, os contratos de milho foram pressionados por uma aceleração da colheita nos Estados Unidos e por novas tensões comerciais entre EUA e China, agravadas por declarações do ex-presidente Donald Trump nas redes sociais.
A forte produção americana desta temporada aumentou a competitividade do milho dos EUA no mercado global, com fretes marítimos mais baratos para destinos estratégicos. Isso tem reduzido o espaço para as exportações brasileiras, mantendo os preços internos contidos.
De acordo com Cepea e DERAL, os produtores brasileiros recebem, em média, R$ 65,21 por saca, enquanto os custos de produção chegam a R$ 73,55, representando um prejuízo de cerca de 11%.
Entre os fatores que ampliam a pressão sobre o mercado estão a venda de commodities para cobrir perdas financeiras, a alta do dólar, e o avanço rápido da colheita americana sob condições climáticas favoráveis.
A ausência de dados oficiais do governo americano, em função de paralisações, tem aumentado a volatilidade no mercado, já que faltam referências atualizadas sobre exportações e projeções agrícolas.
Na semana anterior, o milho na B3 encerrou em alta, acompanhando a valorização do dólar e o aumento das tensões entre EUA e China. Os contratos de novembro/25, janeiro/26 e março/26 fecharam a R$ 67,88, R$ 70,04 e R$ 71,87, com altas semanais entre R$ 0,93 e R$ 1,90.
Enquanto isso, o milho em Chicago recuou, com o vencimento de dezembro caindo 1,26% para US$ 4,13/bushel, influenciado pelas vendas técnicas e pelo ritmo acelerado da colheita.
Mesmo assim, a desvalorização do real de 3,13% frente ao dólar favoreceu as exportações brasileiras, oferecendo algum fôlego antes da finalização da colheita americana.
Analistas alertam que a evolução da colheita nos EUA, as variações cambiais e o comportamento do clima devem continuar ditando os rumos do mercado. Para produtores brasileiros, o dólar forte ainda representa oportunidades de venda, mas exige planejamento e atenção às flutuações globais.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias