Publicado em: 03/11/2025 às 11:20hs
Os preços do milho seguem em elevação no mercado brasileiro, conforme dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). O movimento é sustentado pela retração de vendedores — que têm priorizado atividades de campo e o desenvolvimento das lavouras — e pela paridade de exportação elevada, que reforça a atratividade das vendas externas.
Segundo o Cepea, muitos produtores optaram por segurar os lotes diante da percepção de aumento na presença de compradores na última semana, apostando em novas valorizações do cereal. Assim, as ofertas têm ocorrido apenas em situações pontuais, quando há necessidade de liberar espaço nos armazéns ou fazer caixa no curto prazo.
Apesar do avanço, o Centro de Pesquisas observa que as altas poderiam ser ainda mais expressivas se parte dos consumidores não estivesse recorrendo aos estoques para evitar novas compras, o que ajuda a conter o ritmo de valorização.
De acordo com análise da TF Agroeconômica, o Brasil vem conseguindo contornar parcialmente as dificuldades nas exportações de milho, com melhora recente nos embarques. Dados da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC) indicam avanço nas vendas externas, embora o volume acumulado ainda seja inferior ao do ano passado — mesmo com uma safra maior.
Com isso, parte da produção que não é destinada ao exterior acaba pressionando o mercado interno, ainda que de forma moderada. Os preços domésticos registraram alta de 2,94% em outubro, impulsionados pela boa demanda das indústrias de etanol de milho, carnes bovina e suína, e pela retomada das exportações de aves.
A consultoria recomenda que os produtores “façam as contas” antes de negociar, considerando os custos individuais de produção. As projeções apontam que, no fim de outubro, o preço de equilíbrio estaria em R$ 59,60/saca no Paraná e R$ 65,22/saca no Rio Grande do Sul, com expectativa de elevação para R$ 61,74 e R$ 66,85, respectivamente, em novembro.
Entre os principais fatores de alta, destacam-se a forte demanda exportadora no segundo semestre, que reduz a disponibilidade interna, e a competição entre as indústrias de etanol e carnes por matéria-prima — ambas operando com margens favoráveis.
Por outro lado, alguns fatores de baixa limitam ganhos mais expressivos:
Contratos futuros: milho inicia semana em leve queda na B3, mas segue em alta no acumulado
Nesta segunda-feira (3), os preços futuros do milho operaram em leve baixa na B3 (Bolsa Brasileira de Futuros). Por volta das 9h56 (horário de Brasília), as principais cotações variavam entre R$ 67,84 e R$ 73,59/saca.
No exterior, na Bolsa de Chicago (CBOT), o milho iniciou o dia em movimento de alta, acompanhando o comportamento da soja e do trigo. Às 9h47, o contrato dezembro/25 era negociado a US$ 4,32/bushel, alta de 1 ponto, enquanto março/26 subia para US$ 4,45/bushel.
Segundo o portal internacional Successful Farming, o otimismo decorre do acordo comercial firmado entre Estados Unidos e China, que prevê a retirada de medidas retaliatórias e a compra de até 25 milhões de toneladas anuais de soja americana pelos chineses nos próximos anos — fator que também influencia positivamente o milho.
Apesar das oscilações diárias, o milho encerrou a última semana e o mês de outubro em alta tanto no mercado brasileiro quanto no internacional, conforme levantamento da TF Agroeconômica.
Na B3, os principais contratos registraram ganhos:
No mercado físico, o acumulado semanal foi positivo em 0,75%, e o ganho mensal atingiu 2,94%, equivalente a R$ 1,94 na média Cepea.
Na CBOT, os contratos de dezembro e março subiram 0,23% e 0,06%, respectivamente, com altas de 1,89% na semana e 3,85% no mês.
Segundo analistas, o comportamento do milho reflete influência da soja e do câmbio, com baixa volatilidade doméstica e maior pressão de oferta nos EUA. O cenário exige atenção do produtor brasileiro quanto ao gerenciamento de estoques e às oportunidades de venda diante da tendência de liquidez mais restrita nas próximas semanas.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias