Publicado em: 15/09/2025 às 11:10hs
O mercado de milho segue dividido entre fundamentos internos de suporte e pressões externas vindas das projeções globais de oferta. No Brasil, a firme demanda doméstica e a cautela dos vendedores mantêm os preços estáveis, mesmo diante do aumento da produção estimada. Já no cenário internacional, as expectativas de safra recorde nos Estados Unidos impulsionaram quedas nas cotações da Bolsa de Chicago, influenciando também os contratos na B3.
De acordo com dados da Conab, a produção da safra 2024/25 foi revisada para cima, atingindo 139,69 milhões de toneladas, um avanço de 2% em relação ao mês anterior e de 21% frente à temporada passada.
Apesar disso, levantamentos do Cepea indicam que os preços internos continuam firmes, apoiados pela forte demanda doméstica e pela estratégia de retenção de estoques por parte dos produtores, o que limita a oferta disponível no mercado físico.
Nos Estados Unidos, o USDA elevou a projeção da safra 2025/26 para 427,11 milhões de toneladas, sustentada pela maior área colhida em quase um século — 36,42 milhões de hectares, a maior desde 1933.
A produtividade foi projetada em 186,7 bushels por acre, o que, se confirmado, representaria novo recorde histórico. O relatório também apontou exportações de 75,57 milhões de toneladas, reforçando a competitividade norte-americana no mercado global.
No balanço mundial, a produção deve chegar a 1,573 bilhão de toneladas, com estoques finais ajustados para 281,4 milhões de toneladas, queda puxada por reduções na China e Rússia, parcialmente compensadas por altas na África do Sul e Ucrânia.
As bolsas refletiram imediatamente os números do USDA. Na manhã desta segunda-feira (15), os contratos de milho na CBOT registraram quedas generalizadas: setembro/25 recuou para US$ 4,25/bushel, enquanto março/26 foi cotado a US$ 4,42/bushel.
Na B3, os futuros também abriram no campo negativo: setembro/25 a R$ 65,07 (-0,05%), novembro/25 a R$ 67,91 (-0,43%) e janeiro/26 a R$ 70,96 (-0,27%).
Apesar das quedas pontuais, o mercado encerrou a última semana de forma mista. No Brasil, o índice Cepea subiu 0,39%, refletindo a demanda firme, enquanto o dólar recuou 1,10%, aliviando custos de importação.
Na B3, os contratos variaram: setembro/25 caiu para R$ 65,12, enquanto novembro/25 avançou para R$ 68,20. Já em Chicago, mesmo com a revisão positiva da safra americana, os preços subiram no fechamento semanal, com o contrato dezembro valorizando 2,44%, a US$ 430,00/bushel.
Analistas da TF Agroeconômica recomendam que produtores brasileiros adotem cautela nas vendas, aproveitando a tendência de preços firmes no mercado interno e possíveis altas até dezembro. A orientação é realizar negociações apenas em casos de necessidade, destinando parte dos recursos (8% a 12%) para contratos futuros na B3, como forma de proteção contra oscilações.
Com a colheita americana avançando e o Brasil com oferta crescente, o milho permanece como ativo estratégico, equilibrando pressões externas de queda e fundamentos locais de sustentação.
Fonte: Portal do Agronegócio
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