Publicado em: 24/11/2025 às 11:10hs
Com produtores focados na semeadura da safra de verão e exportações brasileiras em ritmo acelerado, o mercado de milho segue firme no Brasil. No entanto, especialistas apontam que o avanço nas cotações pode mascarar riscos de rentabilidade diante do aumento de custos e da chegada da nova colheita.
Os preços do milho seguem firmes na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), sustentados pela retração de vendedores que permanecem focados nas atividades de semeadura da safra de verão. A demanda doméstica, por sua vez, está pontual e os negócios ocorrem de forma localizada, apenas para recomposição de estoques.
Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), até 15 de novembro, 52,6% da área da safra de verão havia sido semeada no país, o que representa avanço semanal de 4,9 pontos percentuais, embora ligeiramente abaixo da média histórica dos últimos cinco anos.
No front externo, os embarques de milho do Brasil seguem acelerados neste mês. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que, em dez dias úteis de novembro, 2,67 milhões de toneladas foram enviadas ao exterior — um ritmo 7,6% superior ao registrado em novembro de 2024.
Caso o desempenho se mantenha, as exportações podem atingir 5 milhões de toneladas até o fim do mês, fortalecendo a posição do Brasil no comércio global do grão.
Apesar da queda recente nas cotações internacionais, causada por projeções de aumento da produção global entre 2024/25 e 2025/26, as baixas foram limitadas pela forte demanda internacional pelo milho dos Estados Unidos. A redução das exportações ucranianas e o bom ritmo de vendas norte-americanas — 2,26 milhões de toneladas na semana encerrada em 2 de outubro, o que representa 37,6% da meta do USDA — também contribuem para a sustentação das cotações.
Embora o mercado siga valorizado, a TF Agroeconômica alerta que a recente alta pode ser ilusória se o produtor não levar em conta o custo real de produção. Segundo a consultoria, aqueles que consideram apenas o custo variável trabalham com R$ 39,96 por saca, o que gera lucro aproximado de 32,6%. Já os que utilizam o custo total calculado pelo Deral/PR, de R$ 73,55 por saca, enfrentam prejuízo de 27,9%.
A tendência, segundo a TF, é de continuidade da alta até dezembro, quando começa a colheita da primeira safra — tradicionalmente voltada ao consumo interno, o que tende a limitar o avanço das cotações. Por isso, a recomendação é que os produtores vendam os lotes remanescentes nas próximas semanas, antes que o mercado inicie um movimento de correção.
O dólar valorizado e o otimismo com as exportações impulsionaram os contratos de milho na B3 (Bolsa de Valores brasileira) no retorno do feriado. Segundo a TF Agroeconômica, o mercado físico registrou variação positiva ao longo de novembro, enquanto os contratos futuros encerraram o pregão em alta:
A valorização da moeda americana reforçou a competitividade do milho brasileiro no mercado internacional, estimulando embarques e sustentando as cotações na bolsa.
Na Bolsa de Chicago (CBOT), o milho encerrou a semana em leve queda. O avanço das vendas pelos produtores norte-americanos e o fim da colheita — que confirma uma supersafra nos Estados Unidos — aumentaram a oferta e mantiveram os preços sob pressão.
A TF Agroeconômica observa que fatores como a queda do petróleo, a valorização do dólar e a estimativa do Conselho Internacional de Grãos (IGC), que projeta a maior produção global de grãos em três anos, também pesam sobre as cotações. A consultoria recomenda atenção aos níveis de suporte entre 428 e 436 centavos por bushel nos contratos de março.
Fonte: Portal do Agronegócio
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