Publicado em: 10/11/2025 às 11:28hs
Os preços do milho seguem firmes no mercado interno, retomando os níveis observados em junho, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP). Produtores permanecem concentrados na semeadura da safra de verão, enquanto as chuvas intensas em algumas regiões geram apreensão quanto ao avanço das atividades de campo.
Nas negociações, vendedores priorizam o cumprimento de contratos já firmados e aguardam novas valorizações para retomar a comercialização no mercado spot. No entanto, a demanda mais contida limita o avanço das cotações. Compradores, com estoques suficientes para o curto prazo, realizam aquisições apenas de forma pontual, atentos à expectativa de uma safra recorde e à possível necessidade de escoamento de estoques pelos produtores.
No front externo, dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) analisados pelo Cepea mostram que o Brasil exportou 6,5 milhões de toneladas de milho em outubro, volume 14% menor que o de setembro, mas 1,5% acima do registrado em outubro de 2024. No acumulado de 2025, os embarques somam 29,82 milhões de toneladas, queda de 3,2% em relação ao mesmo período do ano passado.
De acordo com a TF Agroeconômica, o ritmo firme das exportações e o aumento do consumo interno têm sustentado os preços, especialmente nos estados do Centro-Oeste, onde a demanda industrial é menor e o escoamento ocorre principalmente pelos portos do Arco Norte.
A consultoria destaca que o consumo do segundo semestre, aliado ao bom desempenho das exportações, reforça o viés de alta das cotações. Mesmo assim, recomenda-se cautela na comercialização: produtores devem avaliar o custo de armazenagem em relação ao preço oferecido pelos compradores.
Entre os fatores de sustentação, estão a retomada das exportações de carne de frango para a China — o que deve ampliar a demanda por milho destinado à ração, estimada em 56 milhões de toneladas anuais — e o bom desempenho das usinas de etanol, que registram alta de 5,89% nos preços em 30 dias. No cenário internacional, o fortalecimento das cotações globais também é influenciado pela redução de 58,25% nas exportações ucranianas e pela boa demanda pelos grãos dos Estados Unidos.
Por outro lado, condições climáticas favoráveis à colheita na América do Norte e o avanço das vendas por produtores americanos tendem a limitar altas adicionais. A indefinição sobre a política de mistura de biocombustíveis da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) também contribui para a volatilidade no mercado futuro.
O início da semana foi marcado por altas nos preços futuros do milho na Bolsa Brasileira (B3). Por volta das 10h07 desta segunda-feira (10), os contratos eram negociados entre R$ 67,82 e R$ 72,81 por saca. O vencimento de novembro/25 subia 0,15%, cotado a R$ 67,82, enquanto janeiro/26 avançava 0,35%, valendo R$ 71,30.
Na Bolsa de Chicago (CBOT), o milho também registrava ganhos moderados, refletindo o otimismo dos investidores com o possível fim da paralisação do governo dos Estados Unidos. O contrato de dezembro/25 subia 1,50 ponto, cotado a US$ 4,28 por bushel.
Segundo o portal Successful Farming, o impasse no governo norte-americano vinha interrompendo pagamentos e suspendendo relatórios de órgãos como o USDA, o que impactava o mercado de grãos. A expectativa de um acordo impulsionou as cotações durante a madrugada.
No Sul do Brasil, o mercado de milho segue com baixa liquidez e cotações estáveis, segundo a TF Agroeconômica. No Rio Grande do Sul, as indicações de compra variam entre R$ 58,00 e R$ 72,00 por saca, com média estadual de R$ 62,00, conforme dados da Emater/RS-Ascar. No porto, o milho futuro para fevereiro/26 é negociado a R$ 69,00/saca.
Em Santa Catarina, as pedidas seguem próximas de R$ 80,00/saca, enquanto as ofertas giram em torno de R$ 70,00, resultando em poucas negociações. No Paraná, houve leve valorização nas principais praças, com destaque para Guarapuava (+6,85%) e Ponta Grossa (+0,42%).
Já em Mato Grosso do Sul, o mercado mantém ritmo moderado e baixa liquidez, com preços entre R$ 51,00 e R$ 54,00/saca. Apesar de pequenos reajustes, a demanda exportadora enfraquecida impede avanço significativo nas negociações.
Na reta final da semana, o mercado futuro de milho recuou na B3, pressionado pela desvalorização do dólar e pela leve baixa das cotações em Chicago. De acordo com a TF Agroeconômica, o movimento aproximou os preços futuros do mercado físico, que apresentou variação positiva de 1,27% segundo o Cepea.
O contrato de janeiro/26 fechou cotado a R$ 71,11, com leve recuo de 0,36% no dia. No exterior, os preços também caíram: o contrato de dezembro na CBOT fechou a US$ 4,27 por bushel, queda de 0,35%. Apesar do recente acordo comercial entre Estados Unidos e China, o milho não foi incluído entre os produtos negociados, o que limitou o potencial de recuperação.
Mesmo com a pressão cambial e a colheita americana em ritmo acelerado, o mercado segue equilibrado, sustentado pela demanda firme e pelas perspectivas positivas para as exportações brasileiras no curto prazo.
Fonte: Portal do Agronegócio
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