Milho e Sorgo

MILHO: Falta de chuvas prejudica lavouras em MT

Depois do excesso de chuvas que tumultuou o plantio da segunda safra de milho em Mato Grosso, agora é a seca que tem tirado o sono de boa parte dos agricultores


Publicado em: 08/05/2014 às 17:50hs

MILHO: Falta de chuvas prejudica lavouras em MT

É normal que as precipitações no Estado cessem em abril, mas havia entre os produtores a esperança de que elas se estendessem um pouco - como no ano passado -, e ajudassem a garantir melhores rendimentos principalmente às lavouras semeadas mais tardiamente, o que não aconteceu. As fortes chuvas que ocorreram entre o fim de fevereiro e o início de março atrasaram a colheita de soja e empurraram ao menos 25% do plantio de milho safrinha para fora do período ideal, calcula o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Com isso, a maioria das lavouras do grão ainda está na fase entre o pendoamento e a maturação, período em que a cultura mais precisa de água.

Janela ideal- Conforme Marco Antonio dos Santos, meteorologista da Somar, se toda a safra de Mato Grosso fosse semeada na janela ideal (até 5 de março), chuvas até 20 de abril seriam suficientes para o milho. "O problema foi a semeadura tardia, que levou muitas lavouras a precisarem de mais chuvas em maio para que o ciclo da planta se complete". Todo o Estado sofreu em maior ou menor grau com o déficit hídrico, destaca Santos, mas há situações diferentes dentro de cada região. "Em Tapurah, [centro de Mato Grosso], há áreas com 10 dias sem chuvas, outras com 30", conta.

Sinop - Leonildo Bares, presidente do sindicato rural de Sinop, no "nortão" mato-grossense, diz que não chove na região desde 15 de abril. "Isso é normal para Mato Grosso, mas no ano passado choveu até o começo de maio", afirma. Essa umidade contribuiu para o alto rendimento na safrinha passada, que ficou entre 90 e 100 sacas por hectare. "Esse ano, se ficarmos com uma média de 60 sacas é muito", prevê.

Rendimento médio- A expectativa do Imea é que o rendimento médio do milho em Mato Grosso alcance 85,4 sacas por hectare este ano, 16% abaixo da safrinha de 2013. Já se esperava uma produção menor devido à queda de 20% na área plantada, em função dos preços pouco atrativos do milho entre o fim do ano passado e início de 2014, mas as incertezas com o clima fizeram minguar ainda mais essas previsões.

Projeções– Até o fim de fevereiro, o Imea projetava uma colheita de 17 milhões de toneladas, mas a estimativa já caiu para 15,2 milhões, 32% aquém do recorde de 22,53 milhões de toneladas de 2013.

Lagarta do cartucho- Segundo Bares, do sindicato de Sinop, os produtores enfrentaram ainda problemas com os ataques da lagarta do cartucho. "Teve gente que usou milho transgênico resistente à lagarta, fez quatro ou cinco aplicações de defensivos, mas a tecnologia não conseguiu segurá-la", afirma.

Primavera do Leste- Em Primavera do Leste, sudeste de Mato Grosso, a situação é menos tensa, segundo Jair Guariento, presidente do sindicato rural local. As chuvas se estenderam até o fim de abril e a expectativa é que a produtividade fique entre 110 e 130 sacas, ante as 120 do ano passado.

Preços - Apesar das possíveis perdas, os preços do milho estão mais altos que há um ano, o que ajuda a garantir a rentabilidade dos agricultores. Conforme Guariento, a saca em Primavera do Leste está em R$ 23, ante R$ 18 no mesmo período de 2013.

Novas chuvas- Previsões da Somar indicam novas chuvas para maio em Mato Grosso, mas esparsas. "Seria preciso chover no mínimo de 40 a 50 milímetros este mês para manter as lavouras 'cheias', mas não sabemos se choverá tudo isso, nem se em todas as regiões do Estado", concluiu Santos.