Publicado em: 18/08/2025 às 11:20hs
O mercado do milho segue marcado por fortes oscilações entre fatores de alta e de baixa, tanto no cenário internacional quanto no doméstico. Entre expectativas de safra recorde, exportações aceleradas e custos elevados para produtores, os preços permanecem pressionados e sem tendência definida.
Após um início de temporada mais lento, os embarques de milho do Brasil voltaram a ganhar força em agosto. A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC) elevou a estimativa para 7,97 milhões de toneladas exportadas no mês, quase o dobro de julho. Apesar disso, a falta de competitividade internacional ainda mantém estoques internos elevados, o que limita reações de preços no mercado doméstico.
Segundo a TF Agroeconômica, os custos de carregamento e de produção da safrinha — estimados em R$ 72,31 por saca pelo Deral-PR — exigem atenção. Ao mesmo tempo, indústrias de carnes e de etanol continuam abastecidas, sem necessidade de elevar suas compras.
O último relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) surpreendeu ao projetar uma safra recorde americana de 425,26 milhões de toneladas de milho, com estoques finais nos maiores patamares desde 2018/19. Já a Conab revisou para cima a produção brasileira de 2024/25, estimada em 137,01 milhões de toneladas, com exportações previstas em 40 milhões.
Esse aumento de oferta amplia a pressão sobre os preços, apesar da demanda aquecida. O USDA elevou sua projeção de uso do milho para a indústria de etanol para 142,25 milhões de toneladas, o equivalente a 33,45% da safra americana.
Na abertura da semana, os contratos futuros de milho registraram queda tanto na Bolsa Brasileira (B3) quanto na Bolsa de Chicago (CBOT). Por volta das 10h desta segunda-feira (18), as cotações na B3 variavam entre R$ 64,57 e R$ 72,91, com recuos de até 0,40%.
No mercado externo, os preços em Chicago também operaram em baixa, influenciados pelo aumento inesperado da área plantada e da produtividade nos EUA. O contrato de setembro/25 recuava para US$ 3,80 por bushel, enquanto o vencimento de dezembro/25 era cotado a US$ 4,03.
Na sexta-feira (15), o milho chegou a registrar leve recuperação na B3, acompanhando o movimento de alta em Chicago e a melhora do programa de exportações pelos portos brasileiros. Ainda assim, o saldo semanal foi negativo, pressionado pelo aumento da safra brasileira, queda do dólar e pela concorrência internacional.
Na CBOT, o contrato de setembro, referência para a safrinha brasileira, encerrou a semana com alta de 2,33%, para US$ 383,75. Apesar do ajuste, os preços seguem próximos aos menores patamares da temporada.
Enquanto a safra recorde avança, produtores e compradores brasileiros enfrentam dificuldades para fechar novos negócios. No Rio Grande do Sul, os preços variam entre R$ 65,00 e R$ 70,00/saca, com pouca liquidez. Em Santa Catarina, a diferença entre pedidas e ofertas trava as negociações: produtores pedem até R$ 80,00/saca em Campos Novos, mas compradores ofertam no máximo R$ 70,00.
No Paraná, os valores giram entre R$ 54,00 e R$ 75,00/saca, com negócios lentos e regionalmente desajustados. Já no Mato Grosso do Sul, a colheita da segunda safra foi prejudicada pelo clima, derrubando o potencial produtivo e mantendo as cotações estáveis entre R$ 44,00 e R$ 50,00/saca.
Fonte: Portal do Agronegócio
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