Publicado em: 22/08/2025 às 11:10hs
O mercado global do milho segue desafiador, pressionando produtores brasileiros. Segundo Enilson Nogueira, analista da Céleres Consultoria, a combinação de uma super safra nos Estados Unidos e estoques elevados mantém os preços internacionais em níveis apertados.
Dados do USDA indicam produtividade média de 188,8 bushels por acre e colheita total de 16,742 bilhões de bushels (aproximadamente 425,3 milhões de toneladas). Os estoques finais americanos devem atingir 53,8 milhões de toneladas, reforçando a pressão sobre os preços globais.
“Para 2026, o produtor precisará focar na eficiência e na gestão de margens. Produzir mais com menos e ter estratégia de compra e comercialização será fundamental”, destaca Nogueira.
Além da pressão externa, fatores domésticos também impactam o setor. O aumento dos juros no Brasil encarece o crédito rural, exigindo cautela em financiamentos e investimentos. Ao mesmo tempo, o câmbio, ainda na faixa de R$ 5,40 a R$ 5,50 por dólar, mantém a competitividade das exportações, mas sua valorização poderia comprometer margens.
Segundo Nogueira, a eficiência operacional será a chave para atravessar períodos de margens apertadas. “É essencial utilizar tecnologias, otimizar a produtividade e planejar a safra de forma estratégica para manter resultados positivos”, conclui.
No Brasil, a colheita da safrinha no Centro-Sul está praticamente concluída, com 94% da área colhida até meados de agosto. Ao mesmo tempo, o plantio da nova safra de verão já avança, liderado pelo Rio Grande do Sul.
Os preços internos apresentam estabilidade, com médias de R$ 62,37/saca no RS e variação de R$ 44,00 a R$ 58,00/saca em outras regiões, segundo a CEEMA. No mercado futuro da B3, os contratos indicam expectativa de valorização: setembro/25 a R$ 65,25/saca e janeiro/26 a R$ 70,65/saca.
O grande destaque vem das exportações brasileiras. Nos primeiros 11 dias úteis de agosto, o país embarcou 3,1 milhões de toneladas de milho, mais da metade do volume exportado em agosto de 2024. Com esse ritmo, a projeção anual foi revisada para cima, podendo superar 40 milhões de toneladas, reforçando o papel do Brasil como exportador global relevante, especialmente frente ao crescimento da área semeada na Argentina, estimada em 7,8 milhões de hectares (+9,6%).
Na B3, o milho encerrou a quinta-feira em alta, impulsionado pelo desempenho da bolsa de Chicago e valorização do dólar. O contrato de setembro/25 subiu para R$ 66,36 (+R$ 0,99 no dia), novembro/25 fechou a R$ 69,40 (+R$ 1,20) e janeiro/26 a R$ 71,60 (+R$ 0,86).
Em Chicago, os contratos também avançaram: setembro subiu 1,97%, a US$ 387,50/bushel, e dezembro, 1,92%, a US$ 411,75/bushel. O movimento foi sustentado por vendas de 2,86 milhões de toneladas reportadas pelo USDA, acima do esperado, especialmente para exportação e biocombustíveis.
Apesar da valorização, os preços internacionais permanecem pressionados pelas boas produtividades nos estados de Iowa e Illinois, e pela projeção recorde de produção mundial, estimada pelo Conselho Internacional de Grãos em 1,299 bilhão de toneladas, com destaque para os EUA (423,5 milhões de toneladas).
O cenário mostra oportunidades, mas exige cautela. A combinação de exportações aquecidas, câmbio favorável e preços futuros firmes dá fôlego ao produtor. Entretanto, a pressão da safra americana e os custos internos elevados reforçam a necessidade de planejamento estratégico e eficiência operacional para garantir rentabilidade nos próximos ciclos.
Fonte: Portal do Agronegócio
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