Milho e Sorgo

Mercado do milho registra estabilidade e pressão climática nas lavouras, com recuos em Chicago e leves altas na B3

Enquanto geadas preocupam produtores no Sul do Brasil e a colheita avança lentamente, preços internacionais recuam diante de trégua geopolítica e melhora nas condições climáticas nos EUA


Publicado em: 24/06/2025 às 11:20hs

Mercado do milho registra estabilidade e pressão climática nas lavouras, com recuos em Chicago e leves altas na B3
Situação regional: estabilidade de preços e baixa liquidez

No Sul do Brasil, o mercado do milho segue travado, com pouca liquidez e estabilidade nas cotações. No Rio Grande do Sul, os preços permanecem firmes mesmo diante de uma demanda retraída: R$ 66,00 em Santa Rosa e Ijuí, R$ 67,00 em Não-Me-Toque, R$ 68,00 em Marau e Gaurama, R$ 69,00 em Seberi e R$ 70,00 em Arroio do Meio, Lajeado e Montenegro. As ofertas de compra variam entre R$ 66,00 e R$ 68,00, mas os vendedores resistem a negociar abaixo das pedidas.

Em Santa Catarina, o mercado está paralisado por divergências de preços. No Planalto Norte, produtores pedem R$ 82,00 por saca, enquanto compradores oferecem até R$ 79,00. Em Campos Novos, o descompasso é ainda maior, com pedidos de até R$ 85,00 frente a ofertas de no máximo R$ 80,00 CIF. A média estadual está em R$ 71,00, com variações regionais que vão de R$ 62,00 em Palma Sola a R$ 77,13 em Chapecó.

No Paraná, apesar do avanço da colheita da segunda safra, as geadas geram preocupação. A colheita alcançou 8% das áreas, contra 3% na semana anterior, segundo o Deral. Do total restante, 54% das lavouras estão em maturação, 43% em frutificação e 3% ainda em floração. Nos Campos Gerais, o milho disponível é ofertado a R$ 76,00/saca FOB, com registros pontuais de R$ 80,00, enquanto as ofertas CIF voltadas à indústria de rações estão em R$ 73,00.

Em Mato Grosso do Sul, a lentidão no ritmo da colheita e a fraca demanda pressionam os preços. As últimas cotações indicam queda generalizada: R$ 48,31 em Dourados, R$ 52,00 em Campo Grande, R$ 50,00 em Maracaju, R$ 53,00 em Sidrolândia e R$ 47,52 em Chapadão do Sul. A média estadual é de R$ 50,00 por saca.

Preços na B3: variações positivas com influência do clima

Na Bolsa Brasileira (B3), os contratos futuros do milho iniciaram a terça-feira (24) em alta, influenciados pelas condições climáticas adversas que afetam as lavouras brasileiras ainda não colhidas. Por volta das 10h35 (horário de Brasília), os principais vencimentos operavam com valorização:

  • Julho/25: R$ 64,07 (+0,49%)
  • Setembro/25: R$ 63,90 (+0,22%)
  • Novembro/25: R$ 67,25 (estável)
  • Janeiro/26: R$ 72,23 (+0,24%)

Segundo a TF Agroeconômica, o contrato de novembro foi o único a registrar leve recuo, enquanto os demais contratos subiram com base nos riscos provocados pela onda de frio e os atrasos na colheita da safrinha.

Mercado físico pressionado pela oferta e pelo câmbio

Apesar das altas na B3, o mercado físico brasileiro permanece pressionado. A Conab estima uma oferta de 101 milhões de toneladas para a segunda safra — 12% acima da anterior —, o que representa a segunda maior colheita da série histórica. Esse volume, somado à desvalorização do dólar e aos desafios logísticos de armazenamento, amplia a pressão sobre os preços internos.

Nas regiões produtoras, os vendedores têm demonstrado maior flexibilidade diante do início da colheita, fator que também contribui para a queda das cotações, conforme aponta levantamento do Cepea.

Mercado internacional: milho recua em Chicago

Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos futuros do milho operavam em baixa na manhã desta terça-feira (24), seguindo a tendência de queda iniciada na segunda-feira. Por volta das 10h29 (horário de Brasília), os vencimentos apresentavam os seguintes valores:

  • Julho/25: US$ 4,17 (-2 pontos)
  • Setembro/25: US$ 4,15 (-2 pontos)
  • Dezembro/25: US$ 4,31 (-2 pontos)
  • Março/25: US$ 4,47 (-1,75 ponto)

Segundo o portal Farm Futures, a desvalorização do milho em Chicago está relacionada à queda nos preços do petróleo, que ocorreu após relatos de que Israel aceitou uma proposta de cessar-fogo intermediada pelos EUA com o Irã. A notícia reduziu os temores sobre interrupções no fornecimento de energia no Oriente Médio, afetando negativamente os preços das commodities.

Além disso, a perspectiva de melhora nas condições climáticas para as lavouras americanas nas próximas semanas também pressiona os preços para baixo.

Na sessão anterior, o milho já havia encerrado o dia em baixa significativa: o contrato de julho caiu 2,22%, fechando a US$ 419,25 por bushel, e o de setembro recuou 1,88%, para US$ 417,50 por bushel. A instabilidade geopolítica, o aumento nos custos de frete e petróleo e as incertezas no acesso a mercados consumidores também contribuíram para o desempenho negativo.

Brasil: clima frio e colheita lenta impulsionam B3, mas oferta elevada e câmbio pressionam mercado físico.

  • Regiões produtoras: estabilidade e baixa liquidez no Sul; quedas acentuadas no MS.
  • Chicago: milho recua com queda do petróleo e expectativa de melhora no clima nos EUA.

Fonte: Portal do Agronegócio

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