Milho e Sorgo

Mercado do milho enfrenta lentidão nas vendas internas, colheita atrasada e pressão internacional com expectativa de supersafra nos EUA

Enquanto produtores brasileiros resistem a vender e colheita avança lentamente, preços futuros recuam na B3 e atingem mínimas na Bolsa de Chicago, sob impacto do clima favorável nos Estados Unidos


Publicado em: 05/08/2025 às 11:30hs

Mercado do milho enfrenta lentidão nas vendas internas, colheita atrasada e pressão internacional com expectativa de supersafra nos EUA
Foto: Fernando Dias
Mercado interno permanece travado em diversas regiões do Brasil

A semana começou com o mercado de milho praticamente parado no Brasil. Em estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, as negociações seguem lentas, com forte desacordo entre pedidos dos produtores e ofertas da indústria.

No Rio Grande do Sul, mesmo com a colheita avançando, a oferta local continua restrita e os produtores priorizam o atendimento a granjas e ao consumo doméstico. Os preços de compra variam entre R$ 65,00 e R$ 68,00/saca em diferentes regiões do estado. Para agosto, as pedidas sobem para até R$ 70,00/saca.

Em Santa Catarina e no Paraná, a situação é semelhante. Os produtores pedem entre R$ 80,00 e R$ 85,00/saca, enquanto as indústrias não ultrapassam os R$ 75,00, gerando um impasse que impede novos contratos. A diferença entre oferta e demanda já faz com que muitos agricultores comecem a reduzir investimentos para a próxima safra.

No Mato Grosso do Sul, o mercado segue com baixa liquidez, mesmo após pequenos ajustes positivos nos preços. As cotações variam entre R$ 44,38 e R$ 50,17/saca, mas ainda não há volume expressivo de negócios. A cautela de produtores e compradores reflete o cenário de incertezas.

Futuros do milho oscilam na B3, pressionados por Chicago e dólar

Na Bolsa Brasileira (B3), os contratos futuros do milho encerraram a segunda-feira (4) e abriram a terça-feira (5) em campo misto, refletindo o equilíbrio entre a expectativa de boa produtividade e o atraso da colheita brasileira.

Fechamento de segunda-feira (4):

  • Setembro/25: R$ 66,58 (-R$ 0,47 no dia, +R$ 1,53 na semana)
  • Novembro/25: R$ 69,41 (+R$ 0,17 no dia)
  • Janeiro/26: R$ 72,80 (+R$ 0,10 no dia)

Cotações na manhã de terça-feira (5), às 10h14:

  • Setembro/25: R$ 66,70 (+0,15%)
  • Novembro/25: R$ 69,24 (-0,20%)
  • Janeiro/26: R$ 72,50 (-0,34%)
  • Março/26: R$ 75,35 (-0,20%)

De acordo com a TF Agroeconômica, os preços seguem pressionados por Chicago e pela volatilidade do dólar. Ainda assim, a resistência à queda no interior persiste, devido aos prêmios elevados nos portos.

Chicago renova mínimas com clima favorável à safra dos EUA

Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos futuros de milho abriram a terça-feira com queda, estendendo uma tendência de baixa que já dura quatro meses. As cotações caem com a previsão de uma colheita recorde nos Estados Unidos, apoiada por um clima favorável no Meio-Oeste.

Cotações na manhã de terça-feira (5), às 10h02 (horário de Brasília):

  • Setembro/25: US$ 3,85/bushel (-1,25 ponto)
  • Dezembro/25: US$ 4,05 (-1,50 ponto)
  • Março/26: US$ 4,23 (-1,50 ponto)
  • Maio/26: US$ 4,34 (-1,25 ponto)

Fechamento de segunda-feira (4):

  • Setembro: US$ 3,87/bushel (-0,64%)
  • Dezembro: US$ 4,07/bushel (-0,91%)

Segundo o site Farm Futures, os vendedores continuam pressionando o mercado, impulsionados pelo alívio das chuvas de julho e pela manutenção de temperaturas dentro de níveis adequados. As previsões também indicam chuvas acima da média para os próximos dias, o que mantém o otimismo em relação à safra.

Don Roose, presidente da U.S. Commodities, afirmou à Reuters que o clima permanece positivo nos EUA, e que o milho brasileiro, mesmo chegando ao mercado externo, enfrenta a concorrência da produção americana. Já Massab Qayum, da Advance Trading, destacou que 72% das lavouras americanas estão classificadas como boas ou excelentes, índice raramente visto e que pode levar a uma produção superior a 400 milhões de toneladas.

Exportações decepcionam e Cepea aponta recuo nos preços

O mercado doméstico de milho também enfrenta dificuldades com as exportações abaixo do esperado. Segundo dados da Secex e da Conab, entre fevereiro e a quarta semana de julho, o Brasil embarcou apenas 4,3 milhões de toneladas de milho — bem abaixo dos 7 milhões exportados no mesmo período de 2024 e distante da meta de 34 milhões até janeiro de 2026.

De acordo com o Cepea, após uma leve recuperação, as cotações voltaram a cair na última semana, refletindo a ausência de compradores no mercado físico. Muitos aguardam novas desvalorizações com o avanço da colheita da segunda safra, que ainda enfrenta atrasos em diversas regiões.

O mercado do milho segue pressionado por fatores internos e externos: no Brasil, a lentidão nas vendas e os atrasos na colheita travam os negócios, enquanto nos EUA o clima favorável aumenta a expectativa de uma supersafra. Ao mesmo tempo, a queda das exportações brasileiras e o desempenho das bolsas mantêm o setor em alerta. A tendência para os próximos dias dependerá da evolução climática nas lavouras norte-americanas e da retomada do ritmo da colheita no país.

Fonte: Portal do Agronegócio

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