Publicado em: 20/08/2025 às 11:20hs
O mercado de milho no Brasil segue com negociações lentas em várias regiões, mesmo diante de uma colheita avançada e recorde em alguns estados. Segundo informações da TF Agroeconômica, os preços no Rio Grande do Sul estão entre R$ 65,00 e R$ 68,00 por saca em cidades como Santa Rosa, Ijuí, Marau, Gaurama, Seberi, Arroio do Meio, Lajeado e Montenegro. Para agosto, os pedidos variam de R$ 68,00 a R$ 70,00/saca no interior, enquanto o porto projeta preços futuros de R$ 70,00/saca para fevereiro de 2026.
Em Santa Catarina, os produtores enfrentam dificuldades para fechar negócios, com ofertas de até R$ 70,00 em Campos Novos e pedidos que chegam a R$ 80,00. No Planalto Norte, a diferença entre solicitações e ofertas mantém a liquidez baixa, fazendo com que alguns agricultores diminuam investimentos para o próximo ciclo.
No Paraná, produtores buscam valores próximos de R$ 73,00 a saca FOB, podendo chegar a R$ 75,00 em algumas regiões, enquanto as ofertas CIF permanecem abaixo de R$ 70,00. Levantamentos regionais indicam pequenas altas, com preços entre R$ 54,00 e R$ 64,00/saca, dependendo da região.
O Mato Grosso do Sul registra situação semelhante, com cotações entre R$ 45,00 e R$ 52,00/saca e baixa movimentação comercial. Apesar de leves altas, o mercado ainda carece de estímulos para acelerar os negócios.
No mercado doméstico, os contratos do milho na B3 registraram alta na terça-feira (19), impulsionados pela valorização do dólar. O contrato de setembro/25 fechou a R$ 66,25, enquanto novembro/25 e janeiro/26 terminaram a R$ 68,98 e R$ 71,46, respectivamente. A valorização cambial estimula produtores a direcionarem parte da produção para exportação, com a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) projetando embarques de agosto em pouco mais de 8 milhões de toneladas.
Segundo Paulo Molinari, consultor de Safras & Mercado, a semana segue com tensão, principalmente no interior, apesar de preços firmes nos portos, como Santos (R$ 67,50 a R$ 70,00) e Paranaguá (R$ 67,00 a R$ 70,00). Em estados como Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, os preços variam entre R$ 53,00 e R$ 68,00/saca, dependendo da região e modalidade de entrega.
Enquanto o mercado brasileiro mantém preços sustentados, nos Estados Unidos o cenário é oposto. Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos recuaram, refletindo estimativas de produtividades acima da média e safra abundante. O contrato de setembro caiu 0,91% e o de dezembro recuou 0,80%, cotados a US$ 379,50 e US$ 403,25 por bushel, respectivamente.
O Crop Tour da Pro Farmer indicou rendimentos recordes em estados como Indiana, Nebraska, Dakota do Sul e Ohio, reforçando a expectativa de uma supersafra americana de milho. Segundo relatório do USDA, a produção prevista para 2025/26 é de 425,26 milhões de toneladas, o maior volume registrado na série histórica, superando o consumo doméstico e elevando os estoques finais para 53,77 milhões de toneladas.
O cenário global de milho mostra divergências: no Brasil, a valorização do dólar e a demanda externa sustentam os preços, enquanto nos EUA a perspectiva de produção recorde pressiona as cotações para baixo, intensificando a disputa entre os dois maiores exportadores mundiais. Analistas alertam que, caso as projeções se confirmem, a pressão sobre os preços na Bolsa de Chicago pode aumentar ainda mais no segundo semestre de 2025.
Fonte: Portal do Agronegócio
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