Publicado em: 17/11/2025 às 11:10hs
O mercado brasileiro de milho segue registrando baixa liquidez, com a maior parte dos vendedores afastada das negociações no spot, segundo pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada/Esalq-USP).
Do lado da demanda, consumidores demonstram interesse em novas aquisições, mas os fechamentos têm ocorrido em volumes pequenos. Enquanto a recuperação das cotações externas e o avanço das exportações brasileiras sustentam os preços domésticos, fatores como a desvalorização recente do dólar, o bom desenvolvimento das lavouras da primeira safra e o amplo excedente interno ainda limitam novas valorizações.
De acordo com o Cepea, o mercado deve seguir em busca de ajustes nos próximos meses. No campo, o clima continua favorecendo a semeadura da safra de verão, embora produtores do Paraná e do Rio Grande do Sul mantenham atenção redobrada diante de chuvas intensas, ventos fortes e registros de granizo. Dados da Conab indicam que, até 8 de novembro, 47,7% da área da safra de verão havia sido semeada no Brasil — avanço semanal de 4,9 pontos percentuais e 2,2 p.p. acima da média dos últimos cinco anos.
A segunda-feira (17) começou com os preços futuros do milho operando de forma mista na B3. Por volta das 10h, o contrato novembro/25 era cotado a R$ 67,61 (-0,06%), janeiro/26 a R$ 70,91 (-0,06%), março/26 a R$ 72,40 (-0,28%) e maio/26 a R$ 71,84 (+0,04%).
No mercado internacional, os contratos do milho na Bolsa de Chicago (CBOT) apresentavam leves ganhos: dezembro/25 era negociado a US$ 4,30 (+0,5 ponto), março/26 a US$ 4,44 (+0,5 ponto), maio/26 a US$ 4,52 (+0,5 ponto) e julho/26 a US$ 4,58 (+0,5 ponto).
Segundo o portal Successful Farming, as cotações se recuperaram após fortes perdas da última sexta-feira, influenciadas pelos relatórios do USDA. Al Kluis, diretor da Kluis Commodity Advisors, destacou que os números foram negativos para o milho e o trigo, mas indicam um cenário mais positivo a longo prazo para a soja.
A consultoria TF Agroeconômica avalia que o milho começa a apresentar sinais mais consistentes de recuperação no mercado internacional, com os preços em Chicago entrando em um canal de alta. Esse movimento pode criar um piso mais firme e abrir espaço para valorização gradual no curto e médio prazos, após semanas de lentidão causadas pelo excesso de oferta global.
No Brasil, essa melhora externa tende a dar sustentação adicional aos preços internos, que já acumulam alta média de 4,97% nas últimas semanas. A consultoria alerta, contudo, que o controle do custo de carregamento segue essencial para que os produtores aproveitem as oportunidades de mercado sem se expor a riscos desnecessários.
A TF Agroeconômica aponta que o mercado físico de milho permanece com ritmo lento e poucas negociações em praticamente todas as regiões produtoras do país.
O milho encerrou a semana passada com comportamento dividido entre os mercados interno e externo. Segundo a TF Agroeconômica, os contratos futuros da B3 recuaram 0,23% na semana, enquanto a CBOT teve alta acumulada de 0,70% no vencimento de dezembro e de 0,45% para março. No mercado físico, a média Cepea subiu 0,66%, indicando firmeza na demanda interna.
Em Chicago, apesar da forte queda na sexta-feira, o milho terminou a semana no campo positivo. O USDA confirmou safra recorde nos Estados Unidos, com aumento de produtividade e produção. Mesmo assim, o ritmo das exportações — especialmente para o México, que comprou 1,5 milhão de toneladas — ajudou a conter maiores perdas.
O mercado de milho no Brasil segue em compasso de espera, equilibrando fatores de pressão interna com sinais de recuperação internacional. A melhora no ambiente externo e o avanço das exportações podem dar sustentação aos preços domésticos, mas o elevado estoque interno e a valorização cambial recente devem continuar limitando ganhos mais expressivos no curto prazo.
A expectativa é de que os próximos meses tragam ajustes graduais, conforme as lavouras de verão avançam e o mercado define novos patamares de equilíbrio entre oferta e demanda.
Fonte: Portal do Agronegócio
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