Publicado em: 06/01/2025 às 10:40hs
O mercado brasileiro de milho tende a se distanciar das tendências internacionais no início de 2025. De acordo com Paulo Molinari, analista da Safras & Mercado, o cenário doméstico será marcado por um ajuste delicado entre oferta e demanda, além de dificuldades logísticas decorrentes da alta nos custos de frete, especialmente com a chegada da grande safra de soja ao mercado.
O primeiro trimestre de 2025 será decisivo para o mercado interno, com a entrada das colheitas de milho no Rio Grande do Sul e Santa Catarina em janeiro, seguidas pela produção do Paraná. Em fevereiro e março, será a vez de São Paulo e Minas Gerais contribuírem com suas safras, enquanto Goiás oferecerá uma produção menor.
Apesar do aumento temporário de oferta, a safra de verão deverá ser menor e ajustada ao consumo, o que pode causar flutuações nos preços. Molinari explica que, embora a colheita inicial possa pressionar os preços para baixo, os valores devem se recuperar posteriormente, alcançando patamares mais elevados.
A perspectiva para a primeira metade do ano dependerá do cronograma de plantio da safrinha. Diferentemente de 2024, quando a maioria das áreas foi semeada antes de fevereiro, o plantio em 2025 poderá se estender até maio, atrasando a colheita para o período entre julho e setembro.
Além disso, o aumento nos custos de transporte, devido à competição logística com a soja, deverá adicionar pressão sobre o mercado. "A primeira metade do ano tende a ser tensa para o milho, considerando o clima, os custos de frete e a entrada da nova safra de verão", observa o analista.
Molinari ressalta que, dependendo da estratégia dos produtores – com retenção de oferta de milho enquanto vendem soja –, pode surgir a necessidade de importação. Contudo, essa operação enfrenta desafios, como a elevada paridade de preços, que pode atingir valores entre R$ 95 e R$ 100 por tonelada nas fábricas, tornando-a economicamente inviável.
No mercado global, o ritmo das exportações dos Estados Unidos será um dos principais determinantes dos preços do milho no primeiro semestre de 2025. Com o Brasil focado no mercado interno nesse período e a capacidade de exportação da Ucrânia sob questionamento, os EUA devem preencher a lacuna de oferta, especialmente até que a Argentina inicie sua colheita em março ou abril.
Na Argentina, embora a área cultivada de milho deva sofrer uma redução de 20%, as expectativas de produtividade permanecem positivas, com projeções de 51 milhões de toneladas – um aumento em relação às 47 milhões de toneladas colhidas em 2024. Entretanto, o controle de pragas como a cigarrinha continuará sendo um desafio.
Já no Paraguai, a manutenção da área cultivada para a safrinha de milho dependerá do interesse dos produtores em uma segunda safra de soja, utilizando áreas anteriormente destinadas ao milho ou ao trigo.
O mercado de milho no Brasil e no mundo enfrentará um início de ano marcado por desafios climáticos, logísticos e de demanda. Enquanto o Brasil se concentra na adequação de sua oferta interna, os Estados Unidos deverão aproveitar a menor participação brasileira no comércio internacional para expandir suas exportações. Esses fatores consolidam um cenário de volatilidade e oportunidades estratégicas para os principais players globais.
Fonte: Portal do Agronegócio
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