Publicado em: 01/12/2025 às 11:00hs
A demanda interna pelo milho voltou a ganhar força na última semana, elevando os preços do cereal em diversas praças acompanhadas pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Parte dos compradores, que havia optado por utilizar estoques próprios ou aguardava possíveis quedas nas cotações, retornou ao mercado para recompor reservas e se preparar para o encerramento de 2025 — período tradicionalmente marcado por menor liquidez, devido à redução nas operações de transporte e comercialização.
Do lado da oferta, produtores continuam concentrados na semeadura da safra de verão, reduzindo o volume disponível para entrega imediata. Essa postura, somada à boa paridade de exportação e ao ritmo firme dos embarques, reforça o movimento de valorização nos preços internos.
Contudo, analistas do Cepea alertam que, nos próximos meses, fatores como a entrada da safra norte-americana, a necessidade de liberação de armazéns no Brasil e o estoque de passagem elevado podem limitar novos avanços nas cotações do cereal.
No cenário global, o milho segue em uma zona de equilíbrio entre oferta e demanda, comportamento que se estende há cerca de três meses. De acordo com a TF Agroeconômica, as cotações permanecem dentro de um canal lateral, sustentadas por exportações brasileiras ainda em bom ritmo — apenas 3% abaixo do volume registrado em 2024 —, mesmo diante da safra recorde dos Estados Unidos e da forte competitividade americana nas vendas externas.
Nesse contexto, a consultoria orienta que produtores aproveitem o momento para vender o milho e aplicar o capital, já que o retorno financeiro tende a ser mais vantajoso do que esperar por valorização significativa no mercado físico nos próximos meses.
Entre os fatores positivos, destacam-se exportações americanas acima das expectativas, novos embarques confirmados pelo USDA para as safras 2025 e 2026 e o avanço da produção de etanol nos EUA, que impulsiona a demanda por milho e reduz estoques. Além disso, a União Europeia tem ampliado suas compras do Brasil e dos Estados Unidos, diminuindo a dependência da Ucrânia.
Por outro lado, a boa safra argentina — com 82% das lavouras avaliadas como boas ou excelentes — e a revisão para cima da produção europeia atuam como fatores de baixa, limitando avanços mais consistentes nos preços globais.
Na B3 (Bolsa de Valores Brasileira), o milho encerrou a última semana em leve baixa diária, mas acumulou alta de 3,05% na semana e 2,48% no mês no contrato com vencimento em janeiro de 2026, segundo dados da TF Agroeconômica. O movimento foi sustentado por uma melhora no fluxo de exportações e por vendas pontuais no mercado interno, fatores que compensaram a desvalorização do dólar no período.
Em Chicago, as cotações também apresentaram ganhos, com avanço de 2,35% na semana e 0,93% no mês, acompanhando a firme demanda internacional. No mercado físico brasileiro, a média Cepea registrou alta de 1,61% na semana e 3,95% no acumulado mensal.
Os contratos futuros mostraram comportamento misto:
Em Chicago, a demanda norte-americana segue aquecida, com vendas semanais acima das expectativas e compromissos de exportação 42,94% superiores aos do ano anterior. Caso esse ritmo se mantenha, o mercado pode deixar o atual canal lateral e iniciar um movimento de valorização em dezembro, período historicamente associado à recuperação dos preços do cereal.
Fonte: Portal do Agronegócio
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