Publicado em: 02/05/2025 às 10:50hs
O mercado do milho tem apresentado um cenário de alta impulsionado por uma demanda robusta, especialmente do México, e por negociações comerciais estratégicas entre os Estados Unidos e o país vizinho. No entanto, fatores climáticos favoráveis e a expectativa de uma safra recorde nos EUA trazem elementos de pressão sobre os preços. O equilíbrio entre esses fatores tem gerado incertezas no futuro imediato do mercado.
O México tem se destacado como um dos principais compradores de milho americano, adquirindo 20,3 milhões de toneladas do grão norte-americano para o ciclo 2024/2025. Esse volume representa 35% das exportações totais de milho dos Estados Unidos e um crescimento de 5% em relação ao mesmo período do ano passado, reforçando a importância estratégica da relação comercial entre os dois países para a sustentação dos preços.
A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum Pardo, contribuiu para esse otimismo ao relatar uma “conversa muito positiva” com o ex-presidente Donald Trump sobre a melhoria da balança comercial bilateral. Ela afirmou que os secretários da Fazenda, Tesouro, Economia e Comércio das duas nações continuarão as negociações para avançar em temas pendentes, o que pode ampliar ainda mais as importações de milho do México.
Além disso, o relatório semanal do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) indicou que as exportações de milho continuam fortes, com vendas de 1.014.400 toneladas para a safra 2024/2025, um número dentro das expectativas do mercado. O México liderou essas compras com 451.400 toneladas. A negociação das safras 2025/2026 também surpreendeu positivamente, com 244,7 mil toneladas adquiridas, das quais 184,7 mil foram destinadas ao México.
Apesar do cenário positivo em termos de demanda, fatores baixistas também afetam o mercado. O USDA informou uma melhora nas condições climáticas nos Estados Unidos, reduzindo de 26% para 20% a área com algum nível de seca, o que pode favorecer a safra e pressionar os preços para baixo.
Na Argentina, a colheita de milho segue em ritmo lento, com produtores priorizando a soja. Isso tem gerado uma oferta reduzida no país, que poderia compensar a possível alta nos preços de milho. Em Chicago, os contratos futuros de milho registraram uma leve alta, com o contrato de setembro fechando a US$ 172,14 e o de dezembro a US$ 176,07 por tonelada, refletindo o impacto da demanda externa.
Na Bolsa de Chicago (CBOT), o mercado futuro de milho demonstrou uma reação mista. O contrato de maio, referência para a safra de verão brasileira, recuou 0,64%, fechando a US$ 464,25 por tonelada. O contrato de julho caiu 0,68%, a US$ 472,25. Apesar dessa queda, o milho continua sustentado pelo bom ritmo das exportações norte-americanas, com o México se destacando como o principal comprador.
A disputa entre os fundamentos de alta e baixa no mercado está visível. Por um lado, o avanço nas exportações e as negociações comerciais com o México sustentam os preços. Por outro, a previsão de uma safra abundante nos EUA pode resultar em maior oferta, o que pressionaria o mercado nos próximos meses.
O mercado permanece em um delicado equilíbrio. Enquanto a forte demanda externa, especialmente do México, oferece suporte aos preços, o clima favorável e a perspectiva de uma safra recorde nos EUA indicam que os preços podem enfrentar pressão no curto prazo. Investidores e analistas do mercado seguem atentos à evolução das condições climáticas no cinturão do milho americano e às futuras negociações comerciais, particularmente com o México, que deve continuar a desempenhar papel fundamental na demanda internacional pelo milho dos EUA.
Fonte: Portal do Agronegócio
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