Publicado em: 22/07/2013 às 15:40hs
No entanto, essas exportações previstas para as próximas semanas são em sua maioria de negócios feitos anteriormente. Novos acordos para vendas externas tiveram ritmo apenas moderado nos últimos dias, com os preços fracos dando pouco incentivo às vendas, ao mesmo tempo em que os compradores não estão agressivos, confiando em uma grande safra dos EUA no final do ano, disseram integrantes do mercado.
"As exportações de milho começam a ganhar força na segunda quinzena de julho. Este ano deve demorar um pouco mais, por atrasos na colheita, como por exemplo em Goiás. Além disso, não estão saindo negócios, não como no ano passado", afirmou a analista da consultoria AgRural Daniele Siqueira.
As exportações de milho do Brasil --que em condições normais de clima é o segundo exportador global, atrás dos EUA-- foram fortes no primeiro trimestre de 2013, no embalo do recorde anual de quase 20 milhões de toneladas de exportações do cereal em 2012. Mas depois os embarques perderam ritmo no segundo trimestre, com a soja tomando espaço nos portos brasileiros, em meio à grande demanda internacional pela oleaginosa.
Agora, com o Brasil já tendo exportado no ano 75 por cento do que espera vender de uma safra recorde de soja, as movimentações de milho estão sendo retomadas nos portos. Mas o ritmo de negócios, pelo menos por ora, não indica vendas de milho explosivas no segundo semestre, com o mercado apostando em embarques entre 15 milhões e 17 milhões de toneladas.
No primeiro semestre, o país exportou 8,4 milhões de toneladas do cereal, a maior parte nos primeiros meses do ano.
"Tem saído negócios, o mercado não parou não, mas os preços estão bem mais baixos", disse um corretor do Paraná, na condição de anonimato, ressaltando que nos portos os pedidos são para 25 a 26 reais por saca, enquanto o vendedor quer 27 reais.
"Deu uma parada boa, os preços caíram bem, então deu uma parada, o pessoal está tendo problema de qualidade (no Paraná, pelas chuvas). Em uma semana, o preço no porto recuou 2 a 3 reais (por saca), o vendedor está querendo colher, e o comprador não está agressivo", afirmou um segundo corretor.
Essa fonte, também com atuação no Paraná, disse que observou nesta semana mais sondagens de tradings em busca de milho, o que pode se refletir em negócios na semana que vem. "Tem muita gente que deixou para comprar milho em cima da hora", afirmou.
ANÁLISE: Oferta recorde pesa; leilões são fundamentais
O corretor ainda acredita que os leilões de Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural), que garante um subsídio aos agricultores, especialmente das regiões mais distantes dos portos, deverão impulsionar embarques nos próximos meses, na medida em que o governo visa reduzir excedentes gerados por uma safra recorde de milho em 2012/13, de 79 milhões de toneladas.
"O Pepro não está refletindo nos embarques para setembro, agosto, vai ser mais para frente, vai começar a fluir em outubro e novembro", afirmou o corretor.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informou que dispõe de 700 milhões de reais para realizar leilões de Pepro. Nesta semana, o governo negociou apoio para quase 1 milhão de toneladas pelo mecanismo. Um segundo leilão está marcado para o dia 24 de julho.
"Tem bastante coisa para acontecer, o Conab tem 700 milhões no orçamento, os leilões ajudam (a exportação). Neste ano, estamos colhendo uma safrinha em grande parte subsidiada pelo governo, o que já aconteceu em 2009 e 2010, e não aconteceu em 2011 e 2012 (pelos melhores preços)", disse a analista Daniele.
Ela lembrou ainda que o governo tem que ofertar o subsídio (Pepro) porque o transporte do produto das regiões mais distantes dos portos muitas vezes custa mais do que o próprio milho.
Esse programa do governo é importante para o Brasil escoar o seu excedente --os estoques finais estimados pela Conab são de mais de 18 milhões de toneladas em 12/13-- num ano em que a safra norte-americana terá forte recuperação ante 2012, quando foi fortemente afetada pela seca, favorecendo os embarques do Brasil.
Fonte: Reuters
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