Publicado em: 08/05/2025 às 19:20hs
O mercado global de cacau voltou a registrar forte volatilidade nos últimos dias, pressionado por uma combinação de fatores climáticos e sinais de retração na demanda. A estação chuvosa na Costa do Marfim, maior produtora mundial da commodity, teve início com volumes de precipitação acima da média em algumas áreas produtoras, o que elevou as projeções para a chamada safra intermediária de 2025.
Apesar disso, os efeitos do clima adverso do ano passado ainda são sentidos. Desde o início da temporada 2024/25, em outubro, os portos marfinenses receberam 1,536 milhão de toneladas de amêndoas de cacau — um avanço de 11,4% em relação ao mesmo período da safra anterior. No entanto, o volume segue 11,7% abaixo da média dos últimos cinco anos.
Segundo Carolina França, analista de inteligência de mercado da Hedgepoint Global Markets, a continuidade das chuvas nos próximos meses será determinante para a formação da safra 2025/26. “Em Gana, segundo maior produtor mundial, o padrão pluviométrico também se mostra favorável até o momento, o que pode contribuir para uma recuperação parcial da oferta global”, avalia a especialista.
Paralelamente às expectativas de melhora na produção, o lado da demanda inspira cautela. Embora as moagens recentes tenham surpreendido positivamente em algumas regiões, grandes processadoras como Barry Callebaut, Mondelez e Hershey’s relataram queda nas vendas, o que indica um possível enfraquecimento do consumo global ao longo do ano.
Outro fator de preocupação é a imposição de tarifas por parte dos Estados Unidos, que pode impactar diretamente o custo de importação e exportação de derivados do cacau, ampliando ainda mais os desafios para o setor.
A sensibilidade do mercado a qualquer mudança climática ou nos padrões de consumo permanece alta. Na Bolsa de Nova York, os contratos futuros com vencimento em julho encerraram a última semana com queda de 5%, enquanto em Londres o recuo foi de 3%. Parte dessas perdas, contudo, foi revertida no início desta semana, após uma abertura mais firme no mercado europeu — evidenciando o cenário de volatilidade ainda presente.
“Com estoques globais ainda apertados e uma nova safra em desenvolvimento, a oscilação nos preços deve continuar nos próximos meses”, conclui Carolina França.
Diante de um cenário climático incerto e de sinais de desaceleração no consumo, o mercado de cacau segue pressionado. As próximas semanas serão decisivas para avaliar o impacto das chuvas sobre a produção e o comportamento da demanda mundial. A instabilidade deve continuar sendo a marca do setor no curto prazo.
Fonte: Portal do Agronegócio
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