Publicado em: 25/11/2013 às 16:40hs
Dona Traudi, como é conhecida, e o marido Silvino Schneider foram os primeiros a plantar a fruta no distrito de Taquaras ainda na década de 1970, quando o êxodo rural empacava o potencial agrícola da região. Para frear o esvaziamento do campo, os dois estimularam a subsistência dos moradores.
Quando Traudi e Silvino se mudaram para Rancho Queimado em 1975, a cidade estava longe de se tornar a capital catarinense do morango. Falecido em 2004, o pastor luterano acabara de ser transferido para a recém-criada paróquia de Taquaras, vindo de Feliz (RS). Como o distrito de Taquaras ainda não tinha posto de saúde nem sede da Epagri (na época, Emater), a chegada dos dois foi vista como uma resposta ao êxodo rural.
Inspirado pela ideia da incorporação da fé na vida prática, o pastor começou a ultrapassar o papel de pregador e agir com as próprias mãos, montando hortas comunitárias. Embora a produção dessas hortas não fosse o suficiente para alimentar a comunidade inteira, o cultivo feito ali era pensado como um exemplo de agricultura sustentável. As mudas e sementes eram repassadas a outros agricultores, amplificando assim o potencial da iniciativa do pastor.
Dona Traudi aproveitava a crescente produção para mostrar o que era possível se fazer com o que tinham à mão. O clima favorável à plantação de pêssego, maçã, laranja e ameixa facilitou o cultivo de árvores frutíferas. As frutas deixaram de ser consumidas apenas na região e aumentaram a renda dos agricultores.
Viés ativista fez Silvino perder a posição de pastor
A proatividade de Schneider chegou ao auge quando a comunidade criou o Lar da Cultura e Harmonia, de Assistência e Reintegração Social: uma entidade sem fins lucrativos, religiosos ou políticos. Por causa da iniciativa, Silvino perdeu a posição de pastor em 1981. Inicialmente mantido às custas do casal, o Lachares estimulava modos alternativos de produção agrícola e chamou a atenção de entidades internacionais, como a alemã e luterana Brot Für die Welt (Pão para o Mundo) em 1982 e os governos estadual e federal, que arcaram com o terreno e as instalações.
Fonte: Diário Catarinense
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