Publicado em: 17/07/2025 às 18:40hs
A possível aplicação de uma tarifa extra de até 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos, com vigência prevista para 1º de agosto de 2025, acendeu um sinal de alerta em diversos segmentos do agronegócio.
De acordo com o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, os principais setores afetados seriam o de suco de laranja, café, carne bovina e frutas frescas.
Os EUA importam cerca de 90% do suco que consomem, sendo o Brasil responsável por aproximadamente 80% desse total.
Impacto imediato no mercado:
“Com o canal norte-americano em risco, o acúmulo de estoques e a pressão sobre os preços internos tornam-se prováveis”, afirma Margarete Boteon, pesquisadora do Cepea.
Os Estados Unidos são responsáveis por cerca de 25% das exportações brasileiras de café, especialmente da variedade arábica, essencial para o mercado norte-americano.
“A exclusão do café do pacote tarifário é estratégica tanto para a sustentabilidade da cafeicultura brasileira quanto para a segurança do abastecimento norte-americano”, destaca Renato Ribeiro, pesquisador do Cepea.
Efeitos no Brasil:
Os EUA são o segundo maior destino da carne bovina brasileira, com 12% de participação, atrás apenas da China (49%).
Movimentações recentes:
Redução por estado exportador:
Segundo Thiago Bernardino de Carvalho, do Cepea, apesar da queda nas vendas aos EUA, há possibilidade de redirecionamento para outros mercados, com destaque para a China, que aumentou suas compras em 27.782 t entre abril e junho.
O setor de frutas também está em alerta, especialmente as culturas com calendário de exportação próximo.
Segundo o Cepea, antes do anúncio tarifário, a expectativa era de crescimento nas exportações em 2025, apoiada pela valorização cambial e recuperação produtiva.
Agora, o cenário é de incerteza e possível desequilíbrio entre oferta e demanda, o que pode pressionar os preços ao produtor.
“A projeção otimista foi substituída por dúvidas. Frutas destinadas aos EUA poderão ser redirecionadas para a União Europeia ou absorvidas pelo mercado interno, gerando acúmulo e queda nos preços”, explica Lucas De Mora Bezerra, da equipe HF Brasil/Cepea.
Além disso, há incertezas quanto às importações brasileiras de frutas frescas, tanto em volume quanto em origem, frente ao novo cenário global.
Diante desse quadro, o Cepea ressalta a necessidade de uma ação diplomática coordenada para tentar reverter ou excluir os produtos agroalimentares brasileiros do pacote tarifário.
A medida, segundo os pesquisadores, é estratégica não apenas para o Brasil, mas também para os próprios Estados Unidos, que dependem da importação de alimentos brasileiros para manter a competitividade de sua agroindústria e segurança alimentar.
Fonte: Portal do Agronegócio
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