Fruticultura e Horticultura

Sul da Bahia aposta na verticalização da produção

O novo paradigma de desenvolvimento tem como meta agregar valor com a produção de chocolates em lugar do comércio de amêndoas de cacau


Publicado em: 20/05/2014 às 16:30hs

Sul da Bahia aposta na verticalização da produção

O agricultor e ex-presidente da Câmara Setorial do Cacau, Fausto Pinheiro, considera que o fortalecimento institucional da região sul da Bahia tem como base a verticalização da produção de cacau através de unidades produtivas de chocolate. Em debate realizado durante um recente Seminário de Desenvolvimento Regional promovido pelo PSB, na Faculdade de Ilhéus, que teve as presenças dos pré-candidatos do partido a presidente da República, Eduardo Campos, e a vice, Marina Silva, ele foi enfático ao declarar que “não queremos mais ser meros produtores de amêndoas de cacau; queremos entrar no mercado de chocolate”.


Ao analisar o desenvolvimento da lavoura do cacau ao longo dos últimos 250 anos, desde o plantio das primeiras mudas em Canavieiras, ele também associou o desenvolvimento da lavoura com a preservação ambiental através do sistema da cabruca. Para o agricultor, o sul da Bahia sempre foi historicamente um grande gerador de riquezas, um ciclo interrompido de certa forma com a eclosão da vassoura-de-bruxa, há cerca de 25 anos, gerando o endividamento e a descapitalização dos produtores e reduzindo a produtividade das plantações.

Consequências

Para Pinheiro, a crise teve também suas consequências na mudança de paradigmas e na percepção de novas riquezas potenciais, abrindo perspectivas para uma nova cadeia produtiva à base do cacau e do chocolate. A crise se refletiu duramente na queda das receitas geradas pela lavoura cacaueira, que caiu de US$ 1,3 bilhão para 400 milhões por ano, deixando os produtores endividados, sem crédito e inadimplentes, além de desempregar milhares de trabalhadores no campo e nas cidades da região.

A superação deste conjunto de dificuldades exigiu dos produtores e das lideranças regionais uma nova visão de futuro, com foco no aumento da produção e da produtividade das fazendas, bem como através de ações voltadas para a certificação de produtos e mesmo a identificação de novos nichos de mercado, com a produção de cacau orgânico e de chocolates finos. Denunciou ainda a intenção do governo em promover a supressão da Ceplac e o seu patrimônio, o que seria mais um prejuízo e perdas para a economia regional.

Potencial

O ex-secretário do Turismo da Bahia, Domingos Leonelli, que deixou o cargo para tentar uma canidatura pelo PSB à Câmara Federal, considera que Ilhéus está localizada numa das regiões mais ricas do estado em termos culturais, econômicos e ecológicos, contando inclusive com o segundo maior bioma do mundo em termos de diversidade, além de uma infraestrutura instalada de 12 mil leitos na rede hoteleira.

“Com todo esse potencial e a recuperação da lavoura cacaueira, acredito que estamos deixando de ser a civilização do cacau, para se consolidar como um centro de produção de chocolate”, complementou Leonelli. Ele observa, ainda, que enquanto a França tem seis marcas de chocolate, a região sul da Bahia, onde a atividade é considerada incipiente, já existem registradas 12 diferentes marcas.

Ele lamenta que a duplicação da rodovia BR 415, trecho Ilhéus-Itabuna, ainda não tenha saído do papel e que a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) tenha sido iniciada há três anos, sem um projeto executivo, o que foi um erro e vai atrasar inclusive o projeto do Porto Sul, porque sem a ferrovia a unidade portuária seria mais um equipamento ocioso e não essencial.

Sul da Bahia perdeu espaço e importância econômica

A senadora Lídice da Mata, que é pré-candidata do PSB ao governo do estado, declarou durante o Seminário de Desenvolvimento do Sul da Bahia, em Ilhéus, que a região contribuiu no passado com 60% do PIB da Bahia e enfrentou o débâcle provocado pela vassoura-de-bruxa, que deixou o saldo de 270 mil desempregados e desestruturou a cadeia produtiva cacaueira.

Para ela, esta é uma região sofrida e que busca novos caminhos e oportunidades através da verticalização da produção e com a fabricação do chocolate. Falou também do projeto da ZPE de Ilhéus, que vem acompanhando no Congresso Nacional e da importância do cacau como um importante ativo ambiental conservacionista, com uma cadeia econômica forte e sustentável.

Para Lídice da Mata, se o cacau fosse uma cultura do Sul do Brasil os seus problemas já estariam resolvidos, “mas acredito nesta região e no seu potencial e sei que projetos como a Ferrovia de Integração Oeste-Leste representa um novo vetor para o seu desenvolvimento e reinserção na economia baiana e nacional, complementada pelo Porto Sul, o que viabilizaria o escoamento da produção”.

Ela destacou a importância do eixo Ilhéus-Itabuna, que formam o embrião de uma futura região metropolitana e que pode consolidar esta área como o segundo maior polo da economia baiana. Acredita porém que a autorização para implantação do porto deverá ser assinada até outubro.

Fonte: Jornal Agora

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