Publicado em: 05/11/2025 às 10:10hs
A safra de uva 2026 ainda não tem estimativa definida no Rio Grande do Sul. De acordo com a Emater/RS-Ascar, as condições climáticas instáveis registradas na primavera estão dificultando a projeção de produtividade e volume de colheita. A instituição informou que os dados oficiais sobre a safra devem ser divulgados apenas em meados de janeiro.
Segundo a Emater, embora o inverno de 2025 tenha sido considerado favorável ao desenvolvimento das videiras, a variabilidade do clima nas últimas semanas tem imposto desafios importantes para os produtores.
O extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Thompsson Didoné, destacou que, apesar da excelente colheita registrada em 2025 — tanto em quantidade quanto em qualidade —, os vinhedos vêm enfrentando situações adversas há vários anos.
“Nos últimos cinco anos, as plantas foram submetidas a estresse por estiagens severas, e em 2024, por excessos de chuvas e encharcamento do solo, o que afetou o sistema radicular e reduziu a oxigenação”, explicou Didoné.
Ainda assim, o técnico observa que o inverno de 2025 trouxe condições promissoras, especialmente pela alta soma de horas de frio abaixo de 7,2°C, fator determinante para uma brotação uniforme e vigorosa.
Didoné ressaltou que, além da boa quantidade de frio, não ocorreram picos de temperatura elevada durante junho e julho, nem geadas tardias entre agosto e setembro, o que reforça as condições ideais observadas no período de dormência das videiras.
Apesar do cenário positivo no inverno, a primavera de 2025 vem trazendo novas preocupações. O engenheiro agrônomo e especialista em viticultura Ênio Ângelo Todeschini explicou que o clima tem se mostrado adverso para o desenvolvimento das videiras.
“Registramos temperaturas noturnas e matinais abaixo da média em setembro e outubro, o que retardou o desenvolvimento vegetal. Além disso, houve excesso de dias nublados, limitando a fotossíntese das plantas, e ventos intensos na segunda quinzena de outubro, causando estresse nos parreirais”, relatou Todeschini.
O especialista ainda alertou para a ocorrência de ‘desavinho’, distúrbio fisiológico que transforma parte dos cachos em gavinhas, reduzindo o número de bagas por cacho. “Em muitos casos, os cachos ficaram invertidos, virados para cima, o que é típico dessa perturbação e pode impactar diretamente a produção”, explicou.
Diante das oscilações climáticas e da incerteza sobre o comportamento das videiras nos próximos meses, os técnicos da Emater/RS-Ascar mantêm uma postura cautelosa quanto à previsão da safra 2026. O levantamento oficial sobre produção e produtividade será divulgado apenas após a consolidação das condições de frutificação, prevista para o início do próximo ano.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias