Publicado em: 09/10/2025 às 11:25hs
A Emater-MG realizou, neste ano, o primeiro levantamento sobre a safra de cacau em Minas Gerais, catalogando dados desde março de 2025. O estudo revela que a cultura está ganhando espaço no estado, com 480 hectares cultivados e produção anual estimada em 161 toneladas.
Segundo Deny Sanábio, coordenador técnico de Fruticultura da Emater-MG, a inclusão do cacau nos levantamentos ajuda na formulação de políticas públicas e oferece referência para compradores interessados na produção local.
“Fazemos acompanhamento de mais de 40 frutas no estado, mas o cacau ainda não estava incluso. A identificação da produção é importante tanto para políticas públicas quanto para o mercado”, explica Sanábio.
O levantamento aponta que o cultivo de cacau em Minas Gerais está concentrado no Norte do estado, com destaque para os seguintes municípios:
A Emater-MG ressalta que novas áreas ainda podem ser identificadas, o que ampliaria esses números.
De acordo com Sanábio, o cacaueiro se adapta melhor a regiões com alta temperatura e baixa umidade, mas requer irrigação constante. Muitos produtores do Norte de Minas têm adotado o consórcio de cacau com banana, aproveitando sistemas de irrigação já existentes.
“O cacau não tolera ventos fortes ou frio intenso, e regiões com alta umidade favorecem doenças como a vassoura-de-bruxa. A irrigação adequada é fundamental, mas o produtor precisa de conhecimento e investimento. A produção comercial só se consolida a partir do quarto ano após o plantio”, alerta o coordenador.
Ele também destaca que a oferta de mudas ainda é limitada, exigindo planejamento antecipado. Os primeiros frutos surgem entre dois e três anos, e a maturação plena ocorre a partir do quarto ano.
O município de Janaúba registra investimentos privados significativos. A Rimo Agroindustrial Ltda destinou mais de 100 hectares ao plantio de cacau, com o objetivo de substituir gradualmente lavouras de banana.
Segundo Geraldo Pereira da Silva, gestor da empresa, mudanças climáticas e doenças como o mal-do-Panamá tornaram a banana menos viável, enquanto o cacau oferece maior estabilidade de mercado e possibilidade de armazenamento.
“Acredito que em sete a dez anos teremos entre 8 mil e 12 mil hectares de cacau no Norte de Minas. A região tem potencial para se tornar um grande polo produtor com qualidade e produtividade”, projeta Silva.
O levantamento da Emater-MG indica que a cultura do cacau pode se expandir significativamente no estado, com o Norte de Minas liderando o crescimento. O apoio técnico, aliado ao investimento privado, sugere potencial de consolidação do estado como polo produtor nacional de cacau nos próximos anos.
Fonte: Portal do Agronegócio
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