Desde 2008, o projeto “Consolidação da Uva Rústica como Negócio da Agricultura Familiar no Paraná” tem como foco fomentar o mercado vinícola e melhorar a renda das famílias que vivem da agricultura. Idealizado a partir de uma parceria do governo estadual, prefeituras municipais, Embrapa e Emater, tem como objetivo atingir cerca de 5 mil agricultores e uma produtividade de mais de 20 milhões de kg/ano, injetando R$ 25 milhões anuais nas economias locais. A intenção é estimular a vitinicultura no Estado e tornar o Paraná referência na produção e industrialização da uva rústica de mesa.

A iniciativa chamou a atenção do Grupo Vinícola Famiglia Zanlorenzi, um dos líderes no mercado nacional de vinhos, que incorporou o projeto às suas ações por meio do “Projeto Uva Nossa”, com o objetivo de incentivar o plantio da uva rústica e suprir a demanda por matéria prima. Segundo Fernando Filus Pierin, engenheiro agrônomo e coordenador do projeto, no início foram implantados alguns parreirais pilotos para avaliar o desenvolvimento da cultura. Nos anos seguintes, a empresa distribuiu mais de 100 mil mudas certificadas nos municípios de Campo Largo, Palmeira, Imbituva, São João do Triunfo, Antônio Olinto, Lapa, Piên, Rio Negro, Quitandinha e Balsa Nova.

Atualmente, o “Projeto Uva Nossa”, que também recebe consultoria do engenheiro agrônomo Edmundo Hadlich, conta com a participação de mais de 50 famílias, todas no Paraná. Pierin observa que, em 2011, os resultados do projeto começaram a aparecer. “Recebemos cerca de 30 mil quilos de uva, e na última safra foram aproximadamente 150 mil quilos. A estimativa é dobrar a produção a cada ano, chegando a 1 milhão de quilos”, calcula. As frutas são recebidas na planta industrial do grupo para processamento, na fábrica em Campo Largo.

Caráter social

Pierin, que também é responsável pelo acompanhamento técnico do trabalho, destaca que o projeto tem um caráter social muito grande, uma vez que permite às famílias ampliarem a renda. “Estas famílias não tinham tradição com a cultura videira, mas buscavam alternativas de diversificação da propriedade para aumentar os ganhos. Muitas querem sair da fumicultura e viram na viticultura uma boa opção”, salienta.

A vinícola oferece aos produtores assistência técnica e a garantia da compra da produção. “Em contrapartida, os agricultores entram com a mão de obra, terra e estrutura do parreiral”, explica Pierin. Os interessados em ingressar no projeto devem procurar a empresa ou uma unidade da Emater local para agendar uma visita de avaliação de viabilidade da implantação da cultura.

Pierin explica que a intenção do “Uva Nossa”, além de contribuir para que o Paraná se torne um pólo vitivinícola nacional, é fortalecer a atividade produtiva do pequeno trabalhador rural, ampliando a qualidade de vida para fixar as famílias no campo.

Números

O Paraná ocupa a quinta colocação nacional na produção de uvas, de acordo com informações da Secretaria da Agricultura e Abastecimento. A produtividade média é de 17,5 toneladas de uva por hectare, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 5,9 mil hectares, são colhidas 100 mil toneladas por ano. Dados da Emater apontam que as uvas de mesa respondem por 84,75% da colheita. Destas, 63% são uvas finas, cujas características são a delicadeza, a exigência e a necessidade de se utilizar técnicas mais apuradas, e 21,6%, uvas rústicas, que se adaptam melhor frente às adversidades e são utilizadas para a fabricação de vinhos, sucos e geleias. Os 15,25% restantes da produção são destinados para a industrialização.