Fruticultura e Horticultura

Produção gaúcha de laranja cresce com preços 30% maiores

A recuperação, após o prejuízo causado pela seca e pela geada na safra de 2012 ocorre especialmente nas frutas de mesa (bergamotas, laranjas-do- céu e de umbigo)


Publicado em: 25/11/2013 às 15:50hs

Produção gaúcha de laranja cresce com preços 30% maiores

Diante de uma das melhores safras de laranja da última década no Rio Grande do Sul, resultado de condições climáticas favoráveis e preços 30% maiores, citricultores aproveitam para recuperar perdas do ciclo passado e investir nos pomares. Com a colheita quase encerrada no Vale do Caí e no Alto Uruguai, principais regiões produtoras de citros no Estado, as frutas abastecem o mercado consumidor e das indústrias de suco – inclusive do Exterior.

A recuperação, após o prejuízo causado pela seca e pela geada na safra de 2012 ocorre especialmente nas frutas de mesa (bergamotas, laranjas-do- céu e de umbigo). Mesmo com duas supersafras seguidas em São Paulo, principal produtor de laranja para suco do país, com cerca de 80% da produção, o Rio Grande do Sul mantém bons preços aos produtores - R$ 0,21 por quilo na indústria e R$ 0,25 por quilo no varejo, conforme a Emater. No ano passado, os valores eram de R$ 0,15 e de R$ 0,18, respectivamente.

- Embora exista uma competição muito grande com a laranja de São Paulo, os gaúchos estão colhendo bons resultados, com preços 30% superiores ao ano passado - ressalta o técnico da Emater Valtemir Bazeggio.

A elevação ocorre pelo crescimento do consumo in natura e pela alta nas cotações internacionais. No Alto Uruguai, 70% da produção vai para industrialização de sucos. Produtor de citros em Liberato Salzano, Jocemar Marta, 45 anos, venderá parte dos 280 mil quilos colhidos à Indústria de Sucos Alto Uruguai e o restante para o chamado comércio justo (fair trade) - contrato feito pela associação de citricultores diretamente com indústrias da Europa para fornecimento de suco concentrado (em consistência de xarope). São 135 produtores associados que chegam a receber quase R$ 0,30 por quilo a ser processado.

-  É o segundo ano que vendemos para o mercado justo, conseguindo retorno melhor - conta o produtor, em fase final da colheita.

Com os bons resultados, Jocemar ampliou o pomar em três hectares, chegando 16 hectares plantados nesta safra. Para o próximo ano, a expectativa é de preços ainda melhores: a demanda internacional pelo suco brasileiro poderá aumentar devido à quebra da safra dos Estados Unidos.

Estoque alto e projeto para merenda escolar

Com a quinta maior safra de laranja do país, 360 mil toneladas por ano em uma área de 27 mil hectares, o Rio Grande do Sul quer incentivar o consumo de suco natural de laranja nas escolas públicas. Coordenador técnico da Câmara Setorial de Citricultura do Estado, Paulo Lipp ressalta que, às vezes por desinformação, as escolas incluem nas licitações da merenda escolar o produto à base de néctar.

- Esse tipo de suco tem apenas 30% da fruta, o restante é água e açúcar - explica Lipp.

A intenção do governo é fazer com que sucos integrais sejam incluídos na merenda escola. Ou seja, bebidas pasteurizadas ou frutas para serem espremidas na hora.

A ideia é desenvolver o trabalho junto às prefeituras. A proposta seria uma forma de reduzir os estoques de laranjas nas indústrias. Essa é uma das preocupações de produtores como Ivan Streit, de Pareci Novo, no Vale do Caí.

- Muitas fabricantes de suco têm pomares próprios, o que desestimula alguns produtores - diz o produtor, que colheu cerca de 260 mil quilos de laranja nesta safra.

Conforme Streit, uma razão para a queda de consumo são os altos preços dos sucos concentrados e frescos pasteurizados, para o consumidor, que o acaba substituíndo por produtos mais acessíveis.

Os tipos de suco

Suco natural

Laranja espremida e consumida em no máximo uma hora. Preserva todas as vitaminas da fruta.

Não concentrado

Laranja espremida, pasteurizada e envasada. Preserva boa parte das vitaminas. Validade de seis meses.

Concentrado (xarope)

Requer a adição de água, para reconstituir o líquido ao estado (aproximado) do suco original, e de açúcar. É transformado em néctar, preservando 30% das vitaminas. Validade de até um ano.

Fonte: Zero Hora

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