Publicado em: 22/10/2013 às 14:00hs
Os agricultores e as comunidades da região da Serra do Mar exploram a fruta há muitos anos, principalmente por meio de coleta, já que a planta é nativa e de ocorrência comum. No entanto, o Cambuci e o seu potencial para a alimentação não são muito difundidos. Identificada a oportunidade de geração de renda nas propriedades pelo cultivo, muitos produtores implantaram pomares, com resultados satisfatórios. Essa planta é adaptada às condições locais de clima, topografia e solo,
Vislumbrando o aumento da produção e a necessária colocação no mercado, eles passaram a organizar uma associação e discutir alternativas de comercialização, beneficiamento e processamento. Embora várias organizações – governamentais ou não – estivessem envolvidas em trabalhos com esses produtores, o apoio da CATI foi solicitado diretamente, com o propósito de superar os entraves associados à cultura.
“Identificamos três vertentes de trabalho, a promoção do produto para ampliar o mercado, a regularização e o fortalecimento da associação de produtores e a ampliação de conhecimentos sobre as características de produção dos frutos, tendo em vista, a grande diversidade de variedades não registradas”, explicou o engenheiro agrônomo Paulo Queiroz, diretor da CATI Regional Pindamonhangaba.
Essa etapa teve o apoio decisivo do Núcleo de Produção de Mudas da CATI, localizado em São Bento do Sapucaí, que dispõe de coleção de plantas instalada e o vasto conhecimento das técnicas de produção de mudas. “É preciso, o quanto antes, orientar a seleção de plantas com características desejáveis de porte e frutos”, destacou a engenheira agrônoma Silvana Bueno, do Núcleo de Mudas.
No mês de setembro aconteceu uma capacitação para interagir os conhecimentos práticos e teóricos para associar técnicas de cultivo adequadas à instalação de novos pomares. “Os resultados foram positivos, confirmando a nossa expectativa de reunir as escassas informações sobre a planta e seu cultivo, bem como, de definir os próximos passos para aprimoramento da cultura”, comemorou Paulo Queiroz.
Agora, os produtores participarão efetivamente na identificação e avaliação de matrizes, depois serão estudadas as possibilidades de aplicação de técnicas que garantam a produção de mudas de qualidade e com a manutenção das características agronômicas desejáveis, contou Silvana Bueno. “Ainda faz-se necessário uma busca de trabalhos e estudos já realizados e juntar novos trabalhos acadêmicos para aprimorar o domínio das técnicas de cultivo”, explicou Silvana.
Há um projeto, desenvolvido desde 2008, de resgate histórico, cultural e ambiental do Cambuci na capital paulista, cujo nome é atribuído ao bairro devido à existência de muitos pés da fruta. A intenção é de resgatar a tradição dessa espécie nativa da Mata Atlântica, associado a roteiros turísticos que envolvem gastronomia, cultura, meio ambiente e desenvolvimento sustentável.
A partir daí foi organizada a Rota Gastronômica do Cambuci, com direito à degustação em festivais espalhados pelo interior e na cidade de São Paulo, com diversos parceiros, como o Instituto Florestal, Instituto H&H Fauser, o Parque Estadual da Serra do Mar e das prefeituras de Caraguatatuba, Natividade da Serra, Paraibuna, Rio Grande da Serra, Salesópolis, Mogi das Cruzes, Biritiba-Mirim e São Paulo, envolvendo técnicos da área agronômica e ambiental de Casas de Agricultura, Universidades, Instituições de Pesquisa, de Secretarias Municipais de Desenvolvimento Econômico, Agricultura, Meio Ambiente, Turismo e Cultura das cidades envolvidas.
“Quem nos deu a oportunidade de conhecer tecnicamente o Cambuci foi o casal de produtores do bairro do Pouso Frio em Natividade da Serra, Seu Paulo e a Dona Emília Nakanishi, que cultiva sem base técnica - científica, mas que busca tecnologia adequada para a fruticultura em geral. O Seu Paulo se tornou um profundo conhecedor do fruto e está sempre disposto a aprender e compartilhar seus conhecimentos com outros produtores de seu município e região”, contou Paulo Queiroz. “Ele repassa as informações sobre produção, beneficiamento e comercialização dos diferentes produtos a base de Cambuci”, completa.
A ideia de estudar melhor a fruta visa obter subsídios para o aproveitamento econômico e sustentável do Cambuci, disse a engenheira agrônoma Silvana Bueno. “Os desafios são o conhecimento da diversidade de espécies, a produção de sementes e mudas, manejo do Cambuci, mercado, criação de uma rede de informações, desenvolvimento de pesquisas e assistência técnica aos produtores”, observou.
O Cambuci é matéria-prima para geleias, doces e sucos. Encontrado em remanescentes florestais do Rio de Janeiro e em São Paulo. É uma árvore frutífera nativa da Mata Atlântica. Considerado um alimento rico em vitamina C, que combate o envelhecimento e favorece o sistema imunológico.
Informações sobre o projeto pelo telefone (12)99739-8750.
Fonte: CATI SP
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