Fruticultura e Horticultura

Produção de cacau cresce em São Paulo e atrai produtores e empreendedores de diversas regiões

Cultura já é cultivada em 60 propriedades de 38 municípios paulistas e impulsiona novos negócios no campo


Publicado em: 27/05/2025 às 11:20hs

Produção de cacau cresce em São Paulo e atrai produtores e empreendedores de diversas regiões

A cultura do cacau tem se consolidado como um novo e promissor nicho de mercado no Estado de São Paulo. Atualmente, a produção já está presente em 60 propriedades distribuídas por 38 municípios paulistas, graças ao avanço do Programa Cacau SP. A iniciativa é conduzida pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado (SAA), por meio da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), em parceria com o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) e a Apta Regional.

Clones adaptados ao clima paulista mostram alto potencial produtivo

O sucesso do cultivo se deve, em grande parte, ao desempenho de clones como o CCN51, PS1319 e BN34. Bem adaptadas ao clima do estado, essas variedades vêm apresentando excelente desenvolvimento, especialmente na região de São José do Rio Preto, chamando a atenção de produtores locais.

Diversificação e valor agregado motivam agricultores familiares

Um exemplo do novo cenário é o produtor Diego Francisco Ferreira da Silva, de Mendonça (SP). Durante a pandemia, ele passou a atuar mais ativamente nas atividades da propriedade da família. Em 2021, a fazenda já trabalhava com silagem, pecuária leiteira e plantio de grãos. A convite de técnicos da CATI, Diego conheceu o cultivo de cacau e, em 2024, iniciou o plantio das primeiras mil mudas em um hectare, em consórcio com bananeiras.

“Teríamos retorno já nos primeiros anos com as bananas, enquanto aguardávamos a produção do cacau”, explica Diego. A área foi batizada de Rancho do Cacau e já iniciou um projeto voltado à produção de chocolates artesanais. A propriedade também abriu as portas ao turismo rural. “Queremos divulgar a cultura do cacau e desenvolver experimentos e dados científicos”, afirma.

Interesse de fora do estado e novos negócios locais

A produção paulista tem despertado o interesse de agricultores de outras regiões do país. É o caso de Joilson dos Santos de Jesus, técnico agrícola e produtor de cacau que deixou a cidade baiana de Igrapiúna em busca de conhecimento e oportunidades em São Paulo, onde se surpreendeu com o potencial da cultura.

A empresária Renata Martucci, de Jaboticabal, também aderiu ao Programa Cacau SP. Antes, sua matéria-prima vinha da região de Ilhéus (BA), o que gerava dificuldades logísticas. Após conhecer produtores locais, passou a comprar o cacau paulista. “Essa proximidade resolve muitos gargalos”, afirma. Adepta do movimento Bean to Bar, Renata produz chocolates artesanais e sustentáveis, sem aditivos artificiais.

Programa Cacau SP se expande pelo interior paulista

O Programa Cacau SP já abrange diversas regionais da CATI, como Andradina, Araçatuba, Araraquara, Avaré, Barretos, Campinas, Catanduva, Dracena, Jales, Limeira, Marília, Mogi Mirim, Piracicaba, Presidente Prudente, Registro, Ribeirão Preto, São João da Boa Vista, Rio Preto e Votuporanga.

“Esse avanço mostra a crescente capilaridade do programa”, destaca Fernando Miqueletti, diretor da CATI Rio Preto.

Produtividade supera média nacional

Segundo Fioravante Stucchi Neto, assistente agropecuário da CATI, o cacau começa a produzir a partir dos três anos de idade e atinge sua maturidade produtiva entre três e cinco anos. “Em áreas experimentais, já colhemos de dois a três mil quilos por hectare, superando a média nacional de 350 quilos”, ressalta.

Ele lembra ainda que o cultivo da fruta na região de Rio Preto teve início em 2012, em consórcio com seringueiras.

Capacitação e estrutura para produção e processamento

Em parceria com o ITAL, a CATI capacita os produtores nas etapas de pós-colheita e processamento das amêndoas, permitindo a produção de chocolate, farinhas, chás e achocolatados. Além da venda direta ao consumidor e para fábricas, há a possibilidade de parcerias com governos municipais para inclusão dos produtos na merenda escolar. “Em Mendonça, por exemplo, 50% das escolas já são abastecidas com produtos locais”, destaca Fioravante.

Para facilitar o processamento, a CATI instalou uma unidade de manejo em Mendonça com equipamentos como descascador, torrador e moedor à disposição dos produtores. Também são oferecidos cursos gratuitos, assistência técnica e orientações sobre o cultivo sustentável do cacau.

Produção de mudas garante qualidade e expansão da cultura

A CATI Sementes e Mudas também resolveu um dos principais entraves da cadeia produtiva: a qualidade das mudas. Em Pederneiras, um viveiro com capacidade para produzir 100 mil mudas por ano atende à demanda, oferecendo mudas de estaca, enxertia e micropropagadas. Além disso, a CATI orienta viveiristas locais para fortalecer a produção em São Paulo como parte da extensão rural.

Cacau paulista: cultura promissora, sustentável e com alto valor agregado

Com resultados técnicos positivos, interesse crescente de produtores e empreendedores e apoio governamental, o cacau se consolida como uma cultura estratégica no Estado de São Paulo. Além da geração de renda, o cultivo incentiva práticas sustentáveis, diversificação produtiva e o fortalecimento da agricultura familiar.

Fonte: Portal do Agronegócio

◄ Leia outras notícias