Publicado em: 24/11/2025 às 09:00hs
Produtores de uva da região do Circuito das Frutas, no entorno de Jundiaí (SP), terão em breve um protocolo oficial de manejo para o controle da ‘podridão da uva madura’, doença causada por fungos que vem afetando parreirais da região.
Os novos procedimentos, que envolvem uso de fungicidas e práticas culturais preventivas, serão divulgados na primeira quinzena de dezembro, conforme adiantou a equipe de pesquisa responsável pelo estudo.
A iniciativa é resultado de uma parceria entre o Centro de Engenharia e Automação (CEA) do Instituto Agronômico (IAC), sediado em Jundiaí, e o Instituto Biológico (IB), da capital paulista — ambos vinculados à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. O trabalho também conta com o apoio da Secretaria Municipal de Agricultura de Jundiaí, de consultores técnicos e de produtores locais.
A pesquisa revelou que a variação do fungo responsável pela doença nos vinhedos de Jundiaí é diferente da observada na região Sul do país, onde o problema é mais comum. Essa constatação reforçou a necessidade de desenvolver protocolos específicos de manejo, adaptados às condições climáticas e fitossanitárias do Circuito das Frutas.
O pesquisador Hamilton Ramos, diretor do CEA-IAC, explicou que uma ampla lista de ingredientes ativos foi testada durante os estudos.
“Identificamos produtos químicos e biológicos com alto, médio e baixo desempenho no controle regional da podridão da uva madura. A relação definitiva dos insumos recomendados será divulgada em dezembro”, afirmou.
Além da recomendação de fungicidas mais eficazes, o novo protocolo trará orientações sobre tratos culturais e medidas agronômicas preventivas, fundamentais para reduzir a incidência da doença e limitar seu avanço quando já instalada.
Entre as ações preventivas, devem estar práticas de manejo do dossel, controle da umidade e cuidados com o espaçamento e ventilação das parreiras.
Ramos destaca que o trabalho integra pesquisas avançadas de biotecnologia, que incluíram o sequenciamento genético de mais de 50 fungos e a identificação de patógenos específicos que atuam sobre os vinhedos da região.
No caso de Jundiaí, o isolamento e identificação do gênero fúngico predominante contou com o apoio dos especialistas Cesar Jr. Bueno e Ricardo Harakawa, do Instituto Biológico.
Segundo Ramos, os fungos que provocam a podridão pertencem à família Glomerella (ou Colletotrichum) — organismos que têm sido sequenciados no Brasil e agora servem de base científica para identificar as variantes adaptadas ao clima e solo do interior paulista.
Esses estudos permitirão que o manejo seja mais direcionado, com uso racional de produtos e maior eficiência no controle da doença.
A podridão da uva madura costuma ocorrer na região de Jundiaí a partir de setembro, período de maior umidade e calor, condições ideais para o desenvolvimento do fungo.
A doença pode atingir todas as fases de desenvolvimento da uva, provocando manchas, escurecimento, murchamento dos cachos e perdas significativas de produtividade e qualidade.
“O fungo age em todas as fases da uva. Se não for controlada, a podridão pode comprometer tanto o volume quanto a aparência do fruto”, explicou Ramos.
A divulgação oficial dos protocolos de controle e das recomendações de fungicidas está prevista para dezembro de 2025, e os materiais serão disponibilizados a produtores, técnicos e órgãos públicos ligados à fruticultura paulista.
O objetivo é padronizar o manejo da doença, reduzir perdas e fortalecer a sustentabilidade da viticultura no Circuito das Frutas, reconhecido pela produção de uvas de mesa e vinhos artesanais.
Fonte: Portal do Agronegócio
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