Fruticultura e Horticultura

Pecã é possibilidade de lucro para agricultores do Paraná

Em meio às tradicionais culturas paranaenses - com seus milhões de hectares plantados e elevado Valor Bruto de Produção (VBP) - uma fruta quase desconhecida tem um espaço significativo na movimentação do mercado do Sul e Sudeste do País


Publicado em: 11/02/2014 às 10:00hs

Pecã é possibilidade de lucro para agricultores do Paraná

Ao longo da última década, a noz-pecã ganhou espaço em algumas regiões do Estado, principalmente no Oeste, como fonte de renda extra, alternativa como área de Reserva Legal (por ser uma floresta permanente) e ainda uma opção de consórcio com o milho, a soja, a erva-mate e bovinos.

Nas regiões mais frias do Paraná, há potencial para a produção dessa variedade e os números do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura do Estado (Seab) comprovam isso. O Estado é o segundo maior produtor, logo atrás do Rio Grande do Sul. No País, são 2,5 mil hectares destinados a uma produção de 5,7 mil toneladas. Em solo paranaense são 438 hectares e produção, no fechamento de 2012, de 2,2 mil toneladas ou 38% do total colhido no País. "Em 2003, a área era de 200 hectares, subiu para 600 hectares em 2010 e depois retraiu, fechando com um crescimento de 120% em dez anos. Já a produção cresceu 50% no período", explica o engenheiro agrônomo do Deral especializado em fruticultura, Paulo Andrade.

Frente à toda movimentação de frutas do Paraná, o VBP da noz-pecã é bem pequeno. Os R$ 10 milhões representam apenas 0,2% do valor da fruticultura do Estado, sendo a 25ª fruta das 35 listadas pelo Deral em volume de produção. Apesar disso, dentre os dez principais municípios produtores do País, seis estão no Paraná: Uraí, Assaí, Cornélio Procópio, Missal, Matelândia e Ramilândia. "Uraí é o principal: são 85 hectares e 680 toneladas de produção", complementa Andrade.

De acordo com o técnico do Deral, o que há no Estado são iniciativas particulares, de produtores de noz-pecã que encontraram um nicho de mercado e aprenderam a trabalhar nele para conseguir ganhar dinheiro. "Acredito que produzir não seja o mais difícil, o grande desafio é vender, encontrar um mercado que seja rentável. Se você tem um produto diferenciado, consegue agregar valor desde que seja um negociante."

Quem não faz um estudo de mercado adequado, portanto, acaba se dando mal. Andrade relembra outros casos de frutas que tiveram "boom" no País, mas acabaram se tornando projetos fracassados. "Tivemos a febre do kiwi, dominamos a tecnologia, mas a produção acabou não indo para frente e continuamos importadores. Já o morango é um bom exemplo de cultura que começou pequena e cresceu. A fruta era apenas destinada a consumidores da elite e hoje se popularizou tanto na produção como também na comercialização."

Exportação e mercado interno

Pouca gente sabe, mas a nogueira produz um fruto nobre e bastante visado para exportação, porém a produção ainda é muito pequena para que isso aconteça. O abastecimento interno, inclusive, é deficitário: a noz que chega na casa dos consumidores brasileiros tem grande chance de ser chilena. Dados do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) apontam que a cada de 100 quilos de nozes consumidas no Brasil, 72 quilos são chilenas, e desse montante apenas 28 quilos são de nozes-pecãs, sendo 10% nozes de qualidade e 18% de variedades antigas.

Fonte: Folha Web

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