Publicado em: 13/01/2021 às 09:00hs
Os morangos liofilizados produzidos pela Fazenda Staw Agricultura, uma startup de tecnologia agrícola na produção de morango, acabam de receber um selo de qualidade e segurança do alimento chancelado pelo Inmetro. É o selo Brasil Certificado, que apenas produtores que seguem o protocolo da produção integrada e passam por um processo de avaliação da conformidade - mais conhecido como auditoria - tem o direito a utilizar. O selo é único para todas as culturas certificadas e as normas técnicas para cada cultura são definidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
De acordo com Rosilene Souto, do Mapa, a produção integrada é um sistema de produçãosustentável eficiente na aplicação de recursos naturais e na substituição de insumos poluentes, que utiliza monitoramento dos procedimentos e rastreabilidade em todo oprocesso. A parte econômica, ambiental e a qualidade de vida do produtor rural são ostripés que trabalhamos.
“Durante todos esses anos, a Ingrid adotou realmente esse sistema e vem se destacando com produtos de qualidade. A segurança vem sendo muito cobrada hoje em dia. A Ingrid é agora uma formadora de opinião. É muito gratificante ver nosso trabalho sendo divulgado, para que mais produtores sigam esse caminho e para que possamos ter produtos com mais qualidade e com garantia de segurança”, destaca Rosilene.
O processo de avaliação da conformidade também foi inovador neste ano, motivado pela necessidade do isolamento social. É um novo modelo que abre novas possibilidades, podendo vir a ser, numa combinação de auditorias presenciais e remotas, mais eficaz e com possível redução de custos, explica Nede Lande Vaz da Silva, diretor do Instituto Certifica, empresa responsável pela certificação do morango liofilizado.
Conforme a produtora, o processo de liofilização é complexo porque, apesar de ser feito com auxílio de um equipamento, existem várias regulagens a serem adaptadas para se obter a crocância ideal e a qualidade do produto. O morango é colocado na chamada “câmara liofilizadora” e mantido por 24 horas à temperatura de -50°C. Durante este processo, o morango é submetido a alto vácuo para remover a água por meio de sublimação. A característica deste processo é que as moléculas do morango liofilizado permanecem intactas. É igual em tudo à fruta original, porém sem água, esclarece.
O resultado é um snack de morango in natura, que após a retirada da água fica crocante, delicioso e com seus nutrientes preservados. Uma excelente opção de lanche saudável, explica Ingrid, que como mãe de um bebê que adora morangos, está sempre atenta à origem dos alimentos que a família consome. “Eu gosto de consumir o que vendo, então gosto de ter esta responsabilidade de oferecer um produto seguro”, afirma.
Ingrid explica que o produto final tem um custo mais elevado pela questão de manter 97,8% de todas as vitaminas, de fibras e minerais da fruta, se transformando em um alimento bem concentrado, considerado supernutritivo. É ideal para o consumo de crianças que tem dificuldade em comer a fruta in natura e, por ser crocante, fica mais atrativo. Outro ponto importante é que 10g do produto liofilizado correspondem a 130g de morango consumido in natura. "Nosso interesse é vender para indústria como matéria-prima, já que é super concentrado”, diz Ingrid.
A pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente Fagoni Calegario, responsável pelo programa na Embrapa, está com muito orgulho dessa que é considerada a representante de todas as mulheres que sempre estiveram envolvidas neste projeto. “Ingrid é uma mulher jovem, inovadora, que sonha em produzir um morango de altíssima qualidade não apenas para o Brasil, mas também para exportação”.
Desde o início, enfatiza a pesquisadora, ela acreditou no selo e procurou seguir à risca as normas técnicas da PIMo, com extrema consciência e capricho em todas as etapas desde o planejamento até o estudo do público consumidor.
“Eu me sinto muito feliz por poder encerrar este ano vendo essa enorme conquista. Agora poderemos levar o selo para bem mais longe. Valeram a pena todos os esforços que fizemos neste que foi um belíssimo trabalho em equipe. São inúmeros parceiros a agradecer. Como sempre dizemos, a Produção Integrada inicia com a integração de várias equipes e instituições”, comemora Fagoni.
“Ingrid, que foi a primeira produtora brasileira a conquistar o selo do morango Brasil Certificado, é um exemplo de atuação das mulheres no agro, com missão de passar uma nova imagem dessa fruta tão especial, tão cheia de vitaminas e tão atrativa”.
Para Ingrid, o apoio da pesquisadora foi imprescindível. “Eu acredito muito no selo da certificação, vamos levar esse produto para o mundo. O morango é uma fruta que contém poucas calorias e muitas vitaminas e sais minerais e a produzimos com qualidade, sem nenhum resíduo químico, com emprego de armadilhas e produtos biológicos”, diz a produtora.
Para Ronaldo Herculano, responsável técnico da propriedade, o desafio para que o produtor conquiste a certificação seria a mudança de hábitos e a adequação com relação às normas.
“Hoje o produtor está muito preocupado com os custos e como vai comercializar o produto final. Com o selo Brasil Certificado, ele já sai em vantagem pois estará mostrando ao consumidor que a produção é feita dentro de todas as normas e assim verá seu produto ter maior aceitação no mercado. A certificação só traz vantagens para o produtor e toda a cadeia que envolve o morango”, enfatiza. Mas, de acordo com ele, outro desafio que o produtor enfrenta hoje é o custo da implantação da cultura, que está alto.
O morango liofilizado com selo Brasil Certificado chega ao mercado em março de 2021.
Fonte: Embrapa Meio Ambiente
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