Fruticultura e Horticultura

Morador de residencial em SP cultiva fruta ameaçada de extinção

Morador do Residencial Parque dos Príncipes, Winfried Ludewig, mantém 200 mudas do cambucizeiro e pensa na preservação da espécie frutífera, como também no enriquecimento e diversificação do verde do bairro


Publicado em: 15/03/2012 às 08:05hs

Morador de residencial em SP cultiva fruta ameaçada de extinção

Com sabor agridoce e formato de um disco voador, o Cambuci nasce de uma árvore (Campomanesia phaea) que normalmente alcança entre 3 e 5 metros de altura e faz parte de um conjunto de árvores da Mata Atlântica e é de alto valor ecológico como araçás, goiabeiras, pitangueiras e jabuticabeiras. A fruta é imprescindível para a alimentação da avifauna, como também para muitos mamíferos como macacos, porcos do mato, capivaras, antas, entre outros.

Ameaçados de extinção, os cambucizeiros têm despertado interesse como alternativa econômica e social para a população que habita áreas de preservação permanente e de recuperação ambiental. Além de ser uma cultura que enriquece as matas e pode desenvolver-se à sua sombra, o Cambuci é apreciado para fazer sorvetes, doces e salgados, tortas, geleias, sucos, licores, batidas com cachaças, vitaminas, chás etc.

Há festivais e as rotas gastronômicas do Cambuci e, inclusive, um bairro que leva o seu nome na capital, que após ter permitido o extermínio de seus cambucizeiros, agora se volta para o cultivo do fruto, que faz sucesso nas sorveterias e no cardápio de diversos restaurantes.

O Cambuci nativo é bem raro, mas já existem plantações com objetivos comerciais e viveiros que fornecem as mudas. A bióloga Juliana Valentini mantém um blog que tem entusiasmado muitas pessoas na “Missão Cambuci”. O projeto visa à obtenção de uma grande quantidade de sementes com ampla variedade genética. O Hotel Pousada da Serra, em Paraibuna, São Paulo, por meio de parceria com a Prefeitura da capital, publicou uma brochura com dezenas de receitas e o Restaurante SPR de Paranapiacaba, também em São Paulo, oferece muitas iguarias preparadas com a fruta. Em virtude destas iniciativas pioneiras, desenvolve-se rapidamente uma alternativa de fruticultura diversificada, dando origem aos novos hábitos de consumo, aos atrativos turísticos e à criação de empregos qualificados.

No Residencial Parque dos Príncipes, localizado no bairro do Butantã, zona oeste de São Paulo, a uma distância de quase 30 quilômetros do bairro do Cambuci, também há uma iniciativa neste sentido. No quintal de casa, Winfried Ludewig e sua esposa Aparecida cultivam 200 mudas da árvore e, com isso, esperam entusiasmar outras pessoas com a ideia de contribuir para que a espécie seja desenvolvida com seu grande potencial ecológico e social. “Conheci o Cambuci na mata do sítio que tenho em Juquitiba, na Região Metropolitana de São Paulo, pois meu caseiro plantava uma muda. Atualmente tenho 100 árvores no campo e algumas dentro da mata. Pretendo plantar mais algumas para estimular os vizinhos a difundirem a iniciativa que pode trazer expressivos benefícios para este município”, diz Ludewig.

Ele relembra que a fruta já era apreciada pelos índios que viviam em São Paulo antes mesmo da chegada dos fundadores da cidade. Segundo ele, é necessário cuidados mesmo com a muda pequena. “As sementes da fruta são poucas, muitas delas não são viáveis e duram apenas 30 dias, portanto, precisam ser plantadas logo e elas exigem muita dedicação da pessoa que plantará”.

Valor nutricional e reflorestamento com Cambuci:

Além da exploração para fins comerciais e de consumo, há a questão nutricional da fruta, que já foi comprovada pela UMC – Universidade Mogi da Cruzes. O Cambuci é rico em vitamina C que favorece o sistema imunológico das pessoas. Além disso, ela serve para combater os radicais livres por ser rico em agentes antioxidantes e taninos (que ajudam na limpeza do organismo). Por estas qualidades, a fruta retarda o processo de envelhecimento das pessoas.

Assim que as mudas estiverem aptas, Ludewig irá disponibilizar um bom número delas para serem plantadas nas áreas verdes do Residencial. “As 700 famílias que moram aqui poderão acompanhar o crescimento da árvore e, posteriormente, até fazer uso dos frutos. Eles vão fazer a alegria das quituteiras e da passarinhada do Parque. Contribuiremos para a diversidade biológica de nossas amplas áreas verdes, difundindo a espécie na sua região típica, que inclui a cidade de São Paulo. Além do mais, o cambucizeiro é muito decorativo e adequado para ser plantado até nas calçadas do Parque” conclui o morador.

Fonte: Link Portal da Comunicação

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