Fruticultura e Horticultura

Mercado de laranja e suco no Brasil registra exportações lentas e preços voláteis; boas chuvas fortalecem perspectiva da safra 2026/27

Exportações seguem abaixo do esperado, enquanto preços do suco recuam em Nova Iorque e a laranja para indústria sobe no Brasil


Publicado em: 16/10/2025 às 19:20hs

Mercado de laranja e suco no Brasil registra exportações lentas e preços voláteis; boas chuvas fortalecem perspectiva da safra 2026/27
Exportações de suco de laranja desaceleram apesar da safra maior

O mercado de laranja no Brasil apresenta sinais de volatilidade em diferentes segmentos, segundo o relatório Agro Mensal, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA. As exportações de suco de laranja concentrado e não concentrado (FCOJ e NFC) seguem em ritmo mais lento em comparação ao ano anterior, mesmo com a maior safra nacional.

Em Nova Iorque, os preços do suco concentrado e congelado (FCOJ) recuaram 16% nos últimos 30 dias, fechando em USDc 203,60 por libra em 10 de outubro. No Brasil, os preços da laranja posta à indústria avançaram 2,7%, alcançando R$ 50,11 por caixa de 40,8 kg, segundo o Cepea.

O atraso nas exportações está ligado à colheita mais tardia, explicada pelo clima mais frio do que o habitual e pela concentração de frutos da segunda florada. Além disso, a exigência de qualidade faz com que os frutos sejam colhidos próximos da maturação ideal.

Nos primeiros três meses da safra, iniciada em julho, foram exportadas 199,7 mil toneladas de suco em FCOJ equivalente, uma queda de 3,7%. Do total da receita de exportação, 42% correspondem ao suco NFC (não concentrado).

O principal comprador do suco brasileiro são os Estados Unidos, que mesmo com a tarifa adicional de 10%, ampliaram a demanda em 39% em relação ao mesmo período da safra 2024/25. Já a União Europeia absorveu 49% dos envios, uma queda de 19% na comparação anual.

Perspectiva positiva para a safra 2026/27 com boas chuvas no cinturão citrícola

O cenário climático também influencia o futuro do setor. O mapa de previsão de chuvas do modelo Europeu indica acumulados entre 75 e 150 mm ao longo do mês no cinturão citrícola brasileiro — abrangendo São Paulo, sul de Minas Gerais e norte do Paraná — com expectativa de bom volume de precipitação também para o último trimestre do ano.

Se as previsões se confirmarem, o período será crucial para a florada e o pegamento dos frutos, favorecendo o potencial produtivo da safra 2026/27. Em 2023, o mesmo período registrou ondas de calor extremo, resultando em quebra de produção na safra seguinte.

Demanda americana segue elevada apesar de desafios estruturais

Nos Estados Unidos, o shutdown do governo atrasou a divulgação da primeira estimativa da safra 2025/26, prevista originalmente para 9 de outubro. Na última previsão, a produção americana para 2024/25 totalizou 62 milhões de caixas, concentradas na Califórnia, majoritariamente destinadas ao mercado de mesa. Na Flórida, voltada ao suco, a produção estimada era de 12,15 milhões de caixas, uma queda de 33% em relação ao ano anterior.

Apesar da ausência de nova estimativa, não se espera aumento significativo na produção da Flórida, devido a desafios como a doença greening. Com isso, a importação de suco brasileiro pelos EUA deve permanecer elevada nos próximos meses, especialmente com o avanço do processamento da safra nacional, aumentando a disponibilidade de produto exportável.

Conclusão: mercado interno e externo ajustam-se à nova safra

O mercado de laranja e suco brasileiro enfrenta atualmente preços voláteis e exportações lentas, mas a safra maior, aliada a chuvas favoráveis no cinturão citrícola, sinaliza potencial de aumento de produção para 2026/27. A demanda internacional, em especial dos Estados Unidos, deve continuar sustentando as exportações, mesmo diante de tarifas e desafios estruturais.

Fonte: Portal do Agronegócio

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