Fruticultura e Horticultura

Importação de cebola dispara no Brasil e pressiona mercado nacional em 2025

A instabilidade no mercado brasileiro de cebola persiste no início de 2025, impulsionada por um expressivo aumento nas importações e pela tendência de alta nos preços


Publicado em: 05/05/2025 às 18:40hs

Importação de cebola dispara no Brasil e pressiona mercado nacional em 2025

Apesar da previsão de safra mais robusta no país, o abastecimento externo e os desafios climáticos internos têm mantido o cenário volátil. A seguir, confira os principais pontos sobre a situação atual da cebolicultura no Brasil.

Importações crescem quase cinco vezes em março

Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revelam que, em março de 2025, o Brasil importou 19.728 toneladas de cebola, volume quase cinco vezes superior ao registrado em fevereiro, quando foram importadas 3.471 toneladas. Esse aumento significativo reforça a dependência do mercado interno em relação ao produto estrangeiro.

Argentina e Chile lideram exportações para o Brasil

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), 58% das cebolas importadas pelo Brasil vieram da Argentina, enquanto o Chile respondeu por 42%. Ambos os países possuem estoques elevados, o que deve manter o ritmo de exportação para o mercado brasileiro nos próximos meses.

Perspectiva de safra maior não reduz dependência externa

Embora a safra nacional 2024/2025 de cebola esteja estimada em 127,6 mil toneladas — um aumento de 44% —, as importações seguem aquecidas. Em 2024, o Brasil já havia importado 257,4 mil toneladas, um crescimento de 92% em relação ao ano anterior.

Menor área plantada e qualidade comprometida no Sul

O Cepea aponta que a área plantada com cebola deve diminuir nas regiões do Cerrado e Nordeste, em função da boa safra prevista para o Sul. Entretanto, o calor intenso registrado em fevereiro e março afetou a qualidade das cebolas produzidas em Ituporanga e Lebon Régis (SC). A expectativa de que os estoques durassem até maio ou junho não deve se confirmar.

Em função disso, compradores estão optando pelas cebolas importadas da Argentina e do Chile, cuja qualidade se destaca frente ao produto nacional.

Alta nos preços em diversas regiões

A Conab identificou elevação nos preços da cebola em 11 das Ceasas analisadas no país em março. A média geral apontou uma alta de 11,4% em relação a fevereiro. Apesar disso, os preços ainda estão abaixo dos registrados nos dois anos anteriores.

Na Ceagesp de São Paulo, por exemplo, a cebola foi vendida 56% mais barata em março de 2025 na comparação com o mesmo mês de 2024, e 17% abaixo de março de 2023.

Cebolicultura: base da agricultura familiar

A cebola é uma das hortaliças mais importantes no mundo e seu cultivo no Brasil é historicamente relevante, com 70% da produção ligada à agricultura familiar, principalmente nas regiões Sul e Nordeste.

Diversas variedades adaptadas às condições regionais são utilizadas no país, considerando fatores como clima, época de plantio, finalidade de uso (consumo fresco, processamento ou armazenamento) e resistência a pragas.

Principais variedades cultivadas

As variedades de cebola no Brasil podem ser divididas em dois grupos:

  • Comerciais (híbridas e melhoradas), como Optima, Bella Dura, IPA 11, Brisa, Vale Ouro IPA-11, Granex 33 e Texas Grano 502 PRR
  • Tradicionais e crioulas, adaptadas a condições locais

Segundo o Cepea, o ciclo da cebola varia de 90 a 150 dias, o que permite o rodízio de culturas e melhor aproveitamento das áreas cultiváveis.

Desafios com doenças e pragas

A cebolicultura enfrenta problemas sanitários recorrentes. Entre as doenças mais comuns estão:

  • Míldio
  • Mancha-púrpura
  • Queima-das-pontas
  • Podridão-branca
  • Fusariose

As principais pragas incluem trips, mosca-da-cebola, lagarta-rosca e ácaros.

As boas práticas agrícolas recomendadas são:

  • Rotação de culturas com gramíneas
  • Uso de cultivares resistentes
  • Irrigação controlada
  • Manejo integrado de pragas e doenças
Critérios para seleção de variedade

A escolha da variedade ideal depende de fatores como:

  • Fotoperíodo (dias curtos, intermediários ou longos)
  • Clima e localização geográfica
  • Resistência a doenças
  • Objetivo da produção (mercado fresco ou processamento)

Por exemplo, Optima e Bella Dura são recomendadas para o consumo in natura, enquanto a BRS Rubra é indicada para processamento.

Práticas de plantio e irrigação

O plantio deve respeitar espaçamentos de 10 a 15 cm entre plantas e 30 a 40 cm entre linhas.

A irrigação deve ser feita com cautela para evitar excesso de umidade, que favorece doenças.

A adubação deve ser balanceada, com monitoramento constante da lavoura para garantir o bom desenvolvimento da cultura.

Colheita: momento certo faz a diferença

A colheita deve ocorrer quando as folhas murcham e começam a secar, sinal de que o bulbo atingiu seu desenvolvimento pleno. Bulbos com 7 a 10 cm de diâmetro são considerados ideais.

Após a colheita, é necessário realizar a cura das cebolas em local seco e ventilado, o que garante maior durabilidade e conservação.

O armazenamento deve ser feito em ambiente fresco, seco, sem luz direta e com temperatura entre 0 e 4°C.

Mesmo com expectativas positivas para a safra nacional, o Brasil segue altamente dependente das importações de cebola. A instabilidade do mercado, associada às condições climáticas e à qualidade variável dos produtos internos, exigirá dos produtores estratégias mais eficientes e adaptadas à nova realidade de oferta e demanda. A profissionalização do manejo e a atenção à escolha das variedades são elementos essenciais para manter a competitividade da cebolicultura brasileira.

Fonte: Portal do Agronegócio

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