Publicado em: 17/06/2025 às 11:35hs
O Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR) estão conduzindo uma pesquisa para melhorar o cultivo do maracujazeiro amarelo ou azedo (Passiflora edulis f. flavicarpa) por meio da enxertia com o maracujazinho do campo (Passiflora actinia). O objetivo é tornar as plantas mais resistentes a doenças e adversidades climáticas, além de aumentar sua produtividade.
Segundo o professor Mauro Brasil, do Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade da UFPR, o maracujazinho do campo foi escolhido como porta-enxerto por sua rusticidade e resistência. A planta, comum na natureza, é caducifólia (perde as folhas no inverno para enfrentar o frio) e sobrevive em condições adversas sem necessidade de cuidados especiais. “As matrizes utilizadas têm mais de 20 anos e seguem vigorosas, mesmo sem manejo específico”, ressalta o professor.
O enxerto utilizado no experimento é a cultivar IPR Luz da Manhã, desenvolvida pelo IDR-Paraná. Trata-se de um maracujazeiro-amarelo do grupo azedo, conhecido pela qualidade e produtividade dos frutos. No entanto, essa variedade é mais sensível a condições ambientais e, por isso, frequentemente cultivada de forma anual para evitar o desgaste precoce do sistema produtivo.
As mudas foram produzidas pela UFPR com a técnica de enxertia hipoticoledonar e plantadas a campo em setembro de 2024. Os testes são realizados em dois ambientes:
O professor Mauro Brasil destaca a influência das condições climáticas nas respostas da planta. “Em Morretes, o clima quente adiantou a produção, com colheitas iniciadas em novembro. Já em Pinhais, mais frio, a safra começou em março e ainda estamos nas últimas colheitas.”
Mesmo estando na fase inicial de coleta de dados, os resultados parciais surpreendem positivamente. O experimento indica bom desempenho em vigor, produtividade e resistência das plantas — inclusive na região de Curitiba, onde o cultivo do maracujazeiro tradicionalmente enfrenta desafios.
Outro ponto em avaliação no experimento é o sistema de condução das plantas. Além da tradicional espaldeira com um fio, o teste inclui um modelo com três fios que sustentam duas cortinas de ramos produtivos.
Segundo Clóvis Roberto Hoffmann, administrador da Estação de Pinhais, esse sistema pode dobrar a capacidade produtiva sem aumentar a área de plantio, otimizando o uso do espaço. A técnica também favorece a fotossíntese das plantas, contribuindo para um melhor aproveitamento da luz solar e sustentando maiores níveis de produção.
A expectativa dos pesquisadores é que os resultados sirvam de incentivo para que mais agricultores invistam no cultivo do maracujazeiro azedo, agora com um sistema mais robusto e eficiente. A pesquisa também abre caminhos para futuros estudos sobre o manejo da cultura, especialmente no que diz respeito à rusticidade das plantas e à adaptação a diferentes condições de cultivo.
Fonte: Portal do Agronegócio
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