Publicado em: 14/07/2025 às 11:55hs
Após anos dividindo a liderança da produção mundial de suco de laranja com os Estados Unidos, o Brasil vive um momento crítico. A doença conhecida como greening, ou Huanglongbing (HLB), avança rapidamente nos pomares brasileiros, colocando em risco a posição de destaque do país na citricultura mundial. O desafio exige respostas rápidas e sustentáveis para controlar uma praga que já comprometeu severamente a produção da Flórida.
Segundo o relatório Citrus Forecast do U.S. Department of Agriculture (USDA) de abril de 2025, a safra americana 2024/2025 deve alcançar cerca de 11,6 milhões de caixas. Em contrapartida, a Fundecitrus projeta para a temporada 2025/2026 uma produção de 314,6 milhões de caixas de 40,8 kg apenas nas regiões do cinturão citrícola paulista e do Triângulo e Sudoeste de Minas Gerais. Esse cenário destaca a responsabilidade do Brasil em garantir a estabilidade da oferta global, ao mesmo tempo que evidencia a pressão pela sustentabilidade diante do avanço do greening.
Levantamento da consultoria Farm Atac aponta que o preço da tonelada de suco concentrado congelado (FCOJ) ultrapassou US$ 1.500, gerando impacto em toda a cadeia produtiva. O custo por caixa pode superar os R$ 45. Para conter esse aumento, a única solução viável é aumentar a produtividade e reduzir as perdas causadas pela doença.
O HLB é transmitido pelo psilídeo-dos-citros (Diaphorina citri), inseto sugador que carrega a bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus, mortal para os citros e sem cura conhecida. O controle biológico e químico desse vetor é a principal estratégia para mitigar os danos causados pela doença.
De acordo com estudo da Farm Atac, em 261 ensaios de campo realizados na safra 2024/2025, os óleos essenciais NARÃ, LIIN e Mullach, desenvolvidos pela Hydroplan-EB, mostraram eficácia ao potencializar em até 30% a ação dos inseticidas convencionais no combate ao psilídeo. Esses produtos foram lançados comercialmente em junho de 2025, após certificação dos resultados.
Danilo Franco, responsável técnico pelo estudo, afirma: “Quando usados nas doses corretas e combinados aos defensivos tradicionais, os produtos elevaram o controle de ninfas de 24,4% para até 90,8%”. Essa tecnologia é fundamental para proteger os brotos jovens, fase vulnerável do ciclo da cultura onde ocorre a postura dos ovos.
O avanço do greening vai além do campo e ameaça a segurança da cadeia global de alimentos e bebidas. Para o Brasil, o desafio inclui assumir protagonismo em inovação agrícola. Com custo médio de produção entre R$ 25 e R$ 45 por caixa, qualquer redução na produtividade impacta diretamente a competitividade do setor.
Especialistas alertam que, sem um modelo integrado e investimentos em tecnologia, o Brasil pode enfrentar uma retração semelhante à da Flórida, onde a produção entrou em colapso. O momento é decisivo e exige ações coordenadas entre produtores, governo e indústria, além de campanhas de conscientização e incentivos à adoção de novos produtos.
Fonte: Portal do Agronegócio
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