Publicado em: 22/07/2025 às 11:45hs
As ondas de frio registradas neste inverno podem trazer impactos positivos para os produtores de frutas típicas de clima temperado, como maçã, uva, pêssego e ameixa. De acordo com a consultoria meteorológica Nottus, a estação tem proporcionado o acúmulo necessário de horas de frio, condição essencial para a quebra de dormência das plantas, garantindo um bom desenvolvimento das culturas. O clima mais frio também contribui para o controle natural de pragas, melhora a formação das folhas e influencia positivamente a qualidade visual dos frutos.
No Sudeste, onde o inverno é geralmente seco, a previsão para 2025 é mais favorável ao cultivo de hortaliças. Segundo o CEO da Nottus, Paulo Etchichury, o tempo seco deverá ser menos rigoroso, com possibilidade de retorno das chuvas entre agosto e setembro. Além disso, diminui o risco de ondas de calor extremo, inclusive na primavera, o que ajuda a reduzir os custos com irrigação e energia elétrica para os produtores da região.
Apesar dos benefícios, o excesso de frio pode retardar o crescimento e a maturação de algumas frutas e legumes, impactando a oferta e os preços no curto prazo. As temperaturas mais baixas também afetam o comportamento do consumidor, que tende a consumir menos alimentos frescos e saladas, o que pode influenciar negativamente as vendas do setor.
Outro ponto de atenção é o risco de geadas tardias entre agosto e setembro, especialmente no Sul do país. Esse fenômeno pode coincidir com o período de floração de diversas frutíferas, prejudicando a próxima safra. “Este inverno é bem diferente do registrado em 2024, quando houve ondas de calor. A intensidade do frio neste ano exige adaptações por parte dos produtores e pode representar riscos importantes para o setor hortifrutícola, que é bastante sensível às mudanças no clima”, ressalta Etchichury.
Após um início de julho com frio e chuvas no Sul e Sudeste, a tendência para o restante do mês é de clima mais seco e sem quedas acentuadas de temperatura. No entanto, a partir de agosto, o avanço de frentes frias deve trazer novamente chuvas e queda nas temperaturas, com possibilidade de prolongamento até setembro.
Segundo a Nottus, o comportamento mais típico do inverno em 2025 está relacionado à neutralidade climática — ausência dos fenômenos El Niño e La Niña —, o que favorece a ocorrência de ondas de frio. Apesar disso, a variabilidade do clima segue presente. “Ainda há chances de episódios de frio intenso até o fim do inverno e até mesmo na primavera. Por isso, é essencial que os produtores acompanhem as previsões e estejam preparados para ajustar suas estratégias de cultivo, irrigação e colheita”, alerta o meteorologista.
O cenário climático de 2025 reforça os desafios enfrentados pelos produtores do setor hortifrutícola no Brasil. As oscilações naturais, somadas aos efeitos das mudanças climáticas, exigem maior capacidade de adaptação a novos padrões de cultivo, manejo, colheita e comercialização para garantir produtividade e rentabilidade nas lavouras.
Fonte: Portal do Agronegócio
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