Publicado em: 05/12/2024 às 11:40hs
Exportadores multinacionais de cacau que operam na Costa do Marfim, o maior produtor mundial da commodity, expressaram preocupações sobre uma possível queda no fornecimento dos agricultores nos próximos meses. O temor decorre dos impactos negativos das condições climáticas adversas nas safras, que aumentam a probabilidade de alguns produtores não conseguirem cumprir os contratos firmados com as empresas.
Embora o volume de grãos que chegou aos portos até o momento tenha apresentado um aumento de 34% em relação ao mesmo período de 2023-24, o desempenho da temporada anterior foi considerado o pior em uma década, conforme relatou um diretor de uma empresa compradora europeia, que preferiu não se identificar.
"Se compararmos as chegadas de grãos com as de 2022, uma temporada normal, estamos 15% abaixo disso. Isso indica que a situação não está boa, apesar dos números aparentarem o contrário", afirmou outro exportador europeu.
Nas regiões oeste e sudoeste, responsáveis por mais da metade da produção de cacau no país, a expectativa inicial de boa colheita foi frustrada após intensas chuvas que danificaram as plantações. Daniel Konan Kanga, um agricultor de seis hectares na cidade ocidental de Duekoué, lamentou: "Estávamos otimistas no começo de outubro, mas as chuvas destruíram tudo. Hoje, temos apenas algumas vagens para colher e nada mais." Simon Djedje, que possui cinco hectares na região sudoeste de Soubre, compartilhou um sentimento semelhante: "Não há mais nada para colher."
Nas áreas de cultivo, cooperativas, compradores e intermediários relatam que a maior parte da colheita principal foi finalizada em novembro, e a escassez de grãos deverá perdurar até fevereiro ou março. Normalmente, a safra principal atinge seu pico em dezembro, com a colheita intermediária iniciando-se em abril.
"Não vejo como conseguiremos cumprir nossas metas de volume com dois ou três meses de baixas entregas", afirmou um diretor de uma exportadora multinacional no porto de San Pedro. "Está claro que a produção será fraca por dois meses, até janeiro e fevereiro, talvez até março. Isso será insustentável."
Fonte: Portal do Agronegócio
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