Fruticultura e Horticultura

Exportação de uva brasileira para os EUA cai 70% e exige diversificação de mercados

Tarifa americana provoca queda histórica nas exportações


Publicado em: 23/10/2025 às 10:40hs

Exportação de uva brasileira para os EUA cai 70% e exige diversificação de mercados

Entre julho e setembro de 2025, a exportação de uva brasileira para os Estados Unidos sofreu uma redução de 70% no volume e 22% na receita, segundo o Centro de Estudos Avançados de Economia Aplicada (Cepea). O país norte-americano recebeu apenas 4% do total exportado no terceiro trimestre, contra 38% no mesmo período de 2024, marcando um dos sete piores resultados da série histórica do Comex Stat.

No trimestre, o Brasil enviou 6,8 mil toneladas de uva ao exterior. Apesar do redirecionamento para outros mercados, o impacto financeiro foi significativo, refletindo perda de competitividade frente a Chile, México e Peru.

Reorganização e busca por novos mercados

Segundo Renato Francischelli, country director da Ascenza Brasil, o setor enfrenta um momento de reorganização estratégica. “É hora de buscar novos destinos, reforçar acordos com países que valorizam a qualidade da uva nacional e investir em diferenciação para reduzir a dependência de poucos mercados”, afirma.

O Vale do São Francisco (PE/BA) segue como principal polo produtor, especialmente para variedades premium destinadas ao mercado internacional. Com a retração nos EUA, exportadores redirecionaram parte das vendas para a Argentina, que absorveu mais de 50% do volume do trimestre, além de manter presença em Reino Unido e Países Baixos.

América Latina e Europa ajudam a absorver a oferta

Países da América Latina ampliaram participação nas exportações, ainda que com menor valor agregado. O redirecionamento ajudou a evitar sobreoferta no mercado interno, mantendo preços estáveis entre agosto e outubro de 2025, devido à demanda firme e à entressafra em outras regiões produtoras.

O preço médio FOB da uva exportada caiu de US$ 3,00 para US$ 2,40 por quilo, refletindo o impacto da tarifa americana sobre a competitividade brasileira.

Oportunidades na Ásia e Oriente Médio

Apesar da retração nos EUA, o setor enxerga oportunidades em mercados da Ásia e Oriente Médio, que vêm ampliando o consumo de frutas frescas. Francischelli destaca que fortalecer a logística e investir em certificações internacionais pode abrir novas rotas e gerar maior estabilidade para as exportações brasileiras.

Além disso, o manejo sustentável da uva é essencial para proteger a produtividade e garantir a qualidade do produto, mantendo a competitividade mesmo diante de condições adversas de mercado.

Fonte: Portal do Agronegócio

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