Na região Central de Minas Gerais, a história do produtor Geraldo Nogueira Gontijo Júnior, de Carmo do Cajuru, é exemplo de sucessão familiar e dedicação à agricultura sustentável. Herdeiro de uma tradição passada por gerações, Geraldo relembra que o amor pela terra nasceu ainda na infância, quando acompanhava o bisavô e o avô no cultivo de goiabas.

“Lembro de ser pequeno e estar sempre no campo com eles. Continuei trabalhando com a goiaba até os 30 anos, quando me casei. Minha esposa não era acostumada com a roça, então decidi tentar a vida na cidade como construtor”, contou o agricultor.

Mesmo longe do campo por um tempo, a paixão falou mais alto. Geraldo decidiu retornar à fazenda Galinheiros, na Comunidade Marimbondos, para retomar o trabalho com a fruta que marcou sua história familiar.

Desafios e retomada da produção

Ao retornar, o produtor enfrentou grandes desafios: recuperar as lavouras abandonadas e reconquistar os consumidores. Com esforço, apoio da esposa e do filho mais velho, ele conseguiu reerguer a produção, que hoje alcança cerca de 40 toneladas de goiaba por ano. A comercialização é feita em mercados locais e regionais.

“Minha maior conquista é ver minha família unida na produção e conseguir reduzir o uso de agrotóxicos. Quero continuar cuidando da propriedade, buscando eficiência e produzindo de forma agroecológica. Meu sonho é que nossos filhos deem continuidade a esse trabalho”, afirma Geraldo.

Apoio técnico e incentivo da Emater-MG

O produtor participa do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), por meio de contrato entre a Emater-MG e a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, o que garante apoio técnico e comercial para o escoamento da produção.

O extensionista Juliano Toledo Saib Marcelino, da Emater-MG, explica que o acompanhamento é constante. “Apoiamos o produtor em todas as etapas, desde a análise e correção do solo, passando pelo controle de pragas e podas, até o manejo agroecológico”, detalha.

A extensionista social Alessandra de Faria Vilaça Carvalho complementa que o sucesso da lavoura vai além das técnicas: “A qualidade dos frutos reflete o cuidado da família e a busca constante por inovações e tecnologias que aprimoram a produtividade.”

Mercado promissor e cultivo sustentável

Entre os fatores que levaram Geraldo a investir na goiaba estão a viabilidade econômica, o alto valor agregado e a possibilidade de cultivo em pequenas áreas. Ele trabalha com a variedade Pedro Sato, conhecida pelo bom porte e sabor marcante.

Segundo a Emater-MG, a demanda elevada, a versatilidade de comercialização e a produção durante todo o ano tornam o mercado da goiaba altamente atrativo. Por outro lado, os agricultores ainda enfrentam oscilações sazonais de preços e escassez de mão de obra.

Boas práticas de manejo e controle de pragas

Para garantir bons resultados, o cultivo deve ocorrer em áreas ensolaradas e bem drenadas, com espaçamento adequado e mudas de qualidade. O manejo inclui irrigação regular e adubações baseadas em análises químicas, com atenção especial a nitrogênio, fósforo, potássio e micronutrientes.

O extensionista da Emater-MG ressalta ainda a importância das caldas agroecológicas, que ajudam a controlar mosca-da-fruta, ferrugem e antracnose, principais ameaças às lavouras.

Com dedicação, técnica e união familiar, o exemplo de Geraldo Nogueira mostra como a agroecologia e a sucessão familiar podem caminhar juntas para fortalecer o campo mineiro e a produção sustentável.