Fruticultura e Horticultura

Clima e retração industrial causam prejuízos de até 60% na colheita da Ponkan no RS

Produtores enfrentam queda de qualidade, excesso de chuvas e baixa demanda industrial em várias regiões do estado


Publicado em: 29/07/2025 às 10:30hs

Clima e retração industrial causam prejuízos de até 60% na colheita da Ponkan no RS

A colheita de citros avança no Rio Grande do Sul, mas os produtores têm enfrentado sérios desafios devido ao clima desfavorável, à retração da demanda industrial e à queda nos preços. Segundo o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, divulgado na última quinta-feira (24), esses fatores têm comprometido a rentabilidade das lavouras e, em alguns casos, provocado perdas significativas.

Perdas severas em São Sebastião do Caí

No Vale do Caí, as condições climáticas favoreceram o início da colheita, mas o excesso de chuvas resultou na queda precoce de frutos e na incidência de podridões. Em pomares de bergamota Ponkan em São Sebastião do Caí, os prejuízos chegam a até 60%. A situação é agravada pela retração da indústria, que tem dificultado o escoamento da produção. Além disso, geadas comprometeram a qualidade de limões, resultando em desvalorização. O controle da mosca-branca, uma praga recorrente, tem se mostrado ineficaz.

Demanda industrial retraída e comércio parado em Erechim

Em Erechim, a comercialização de frutas está praticamente paralisada. A incerteza gerada pela possível taxação de 50% sobre o suco de laranja exportado aos Estados Unidos provocou uma espera nas indústrias, que ainda não iniciaram a compra da fruta. Por enquanto, apenas a venda de laranja in natura continua ativa, com preços em torno de R$ 0,90 por quilo.

Colheita avança em várias regiões

Bagé e São Gabriel: As laranjas seguem em fase de desenvolvimento, enquanto a bergamota está em maturação. Em São Gabriel, os frutos apresentam sabor adocicado e bom calibre. O limão é vendido a R$ 60,00 (caixa de 22 kg) e a laranja para suco a R$ 80,00 (25 kg), ambas voltadas ao mercado in natura. Em Maçambará, a laranja de mesa sem sementes alcança R$ 7,00/kg.

Caxias do Sul: A colheita das variedades precoces e de ciclo médio, como a bergamota Ponkan, está na reta final. Mesmo com preços reduzidos, o valor permaneceu estável na Ceasa/Serra, em R$ 2,25/kg. O frio recente beneficiou a coloração e o sabor das frutas.

Passo Fundo e Frederico Westphalen: Os produtores continuam com os tratos culturais, incluindo adubação e podas, nas variedades Rubi e Salustiana. A colheita das bergamotas Caí e Ponkan e das laranjas de umbigo e de suco segue em ritmo normal.

Preços variam conforme a variedade e a região
  • Bergamota Caí:
    • Pareci Novo: colheita próxima do fim, com preço de R$ 35,00 por caixa de 25 kg
    • Bom Princípio: safra chega a 90%, com valor médio de R$ 30,00
  • Bergamota Montenegrina:
    • Início da colheita, com preços entre R$ 50,00 e R$ 60,00, dependendo da qualidade e localização
  • Laranja Céu:
    • Colheita encerrada em Bom Princípio e São Sebastião do Caí
    • Em São José do Hortêncio, a colheita atingiu 90%
    • Céu paulista começa a safra, com preços entre R$ 30,00 e R$ 40,00 por caixa
  • Laranja Valência:
    • Com baixa demanda, os valores variam de R$ 10,00 a R$ 25,00
Limão Tahiti enfrenta lentidão nas vendas

A comercialização do limão Tahiti também ocorre em ritmo lento. Em Bom Princípio, a colheita atingiu 60% da área plantada (120 hectares), com preços entre R$ 35,00 e R$ 40,00 por caixa. Já em São Sebastião do Caí, o produto é vendido por R$ 30,00, enquanto em São José do Hortêncio, o valor chega a R$ 50,00 por caixa.

A situação atual da citricultura gaúcha acende o alerta para o setor, que, apesar do bom desempenho em algumas áreas, precisa lidar com oscilações climáticas, incertezas do mercado internacional e entraves na comercialização que afetam diretamente o produtor rural.

Fonte: Portal do Agronegócio

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